segunda-feira, 6 de julho de 2015

Crise do governo Dilma, sem 
reação,  provoca duelos
de urubus

Fernando Brito
               brigaurubus
Há algo que não está tão claro quanto ao quadro de inação suicida em que se encontra o Governo Dilma Rousseff – e não apenas ela e sua equipe, mas também o PT não se dá conta de que, sem reações imediatas,  as medidas de longo prazo nos encontrarão,  todos, mortos – que não aparece nas análises da mídia, mas que transcorre a bicadas e unhadas no campo da oposição.
A questão, que é até bem clara, é de aquele que é capaz de não apenas dirigir manobras parlamentares mas de formar maioria congressual para legitimar o golpe não é Aécio Neves, nem Geraldo Alckmin, muito menos o politicamente insepulto Fernando Henrique Cardoso.
Chama-se Eduardo Cunha e responde pelo cargo de dono da Câmara dos Deputados.
É o líder da massa amorfa em que se tornou a Câmara e, portanto, o virtual proprietário de qualquer manobra constitucional (ou nem tanto, como já provou não se importar) para a deposição de Dilma, por impeachment, ou pelo desdobramento de alguma artimanha judicial da qual, a esta altura, já não se tem o direito de duvidar.
Coisa difícil de aceitar para Aécio, FHC e Geraldo Alckmin. Até porque poderiam fazê-lo se não tivessem perdido o protagonismo.
E, por isso, até mais fácil para José Serra, que assumiu publicamente a defesa do casuísmo golpista de Eduardo Cunha em favor do parlamentarismo, como deixou explícito na entrevista que publicou nesse domingo(5) o Valor Econômico(LEIA AQUI).
Só que Cunha pode fazer o sonho do fundamentalismo e do “baixo clero” – inclusive no PSDB, onde já provou ter poder –  mas não representa o projeto político conservador,  que  apenas se  serve no nosso “Estado Islâmico” ideológico.
A chance de Dilma – e tomara que o PT o enxergue – é reagir enquanto há divisão no campo – muito mais forte, hoje – da oposição.
Este é o maior dilema da oposição: o de ter apelado a todo tipo de golpista e fundamentalista: eles se adonaram de seu espaço e  ela sabe que pode ser a sua ruína, tanto quando pode ser o instrumento que pensaram fazer deles.
Não é fácil para o golpismo escolher uma cara: as suas e as de seus aliados, todas são horrendas.
Nos vencerão apenas se não tivermos nenhuma.

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