Após
eleições, Partido Comunista é a legenda que mais cresce no Japão
Que as idéias de esquerda estão ganhando espaços eleitorais em diferentes países europeus não é novidade. A ascensão do Syriza na Grécia ou na Espanha é testemunha desta mudança política em direção a posições anticapitalistas. No entanto, este desenvolvimento tem começado a extrapolar para fora da Europa. Especificamente, o Partido Comunista do Japão está rompendo as barreiras na preferência dos eleitores.
Esta formação política, que tem como objetivo “reunir trabalhadores e agricultores”, vem de um grande resultado nas eleições municipais que foram realizadas durante este fim de semana. O Partido Comunista Japonês bateu recordes de votos no plano nacional. O Partido liderado pelo camarada Kazuo Shii tornou-se o segundo maior na conservadora sociedade japonesa.
Nenhuma pesquisa previu o boom da esquerda entre o eleitorado. Esperava-se que o principal partido da oposição melhorasse seus resultados e reduzisse distâncias na formação do governo. Pesquisas recentes mostram que quase 50% dos japoneses preferem o comunismo e acreditam que o capitalismo leva à pobreza e à fome. Diante deste quadro, o Partido Comunista tornou-se o segundo no Japão, o que alarmou analistas e investidores.
Segundo a revista semanal de ultradireita The Economist, “nunca se imaginou que os comunistas japoneses poderiam chegar ao poder…”.
A principal proposta do PC do Japão e o ponto central de seu programa de governo é o desmembramento da economia de mercado. Outras propostas incluem o fim da aliança com os Estados Unidos, o fechamento das centrais nucleares e a aprovação de medidas fiscais confiscatórias contra empresas. Apesar da relevância, a notícia ficou praticamente escondida nos principais meios de comunicação europeus, norte-americanos e brasileiros.
Os eleitores japoneses foram às urnas nas eleições locais com a menor abstenção já registrada e o Partido Liberal Democrático (LDP), o parceiro dominante na coalizão governista do Japão, chegou a uma vitória previsível, ganhando mais de metade das prefeitura. Mas o que surpreendeu mesmo foi o volume de votos no Partido Comunista Japonês (JCP), que agora emerge como a maior força de oposição do país.
O JCP conquistou 136 assentos, batendo o Partido Democrático do Japão (PDJ, de centro) – que governou o país há apenas cinco anos, ficando em quarto lugar, atrás do Komeito, parceiro de coligação do PLD. O resultado seguiu ganhos notáveis feitos pelo JCP em uma eleição geral em dezembro, quando levou mais de 6 milhões de votos, trazendo à tona a sua maior quota de assentos parlamentares em quase duas décadas.
Embora o Partido Comunista não tenha chegado perto de tomar o poder (o seu melhor desempenho eleitoral ainda foi em 1979, quando ganhou 39 assentos de um total de 511 no Congresso), segue agora como uma força relevante na política japonesa. O partido tem mais de 300 mil membros, incluindo 10 mil recrutados em 2014 (o LDP afirma em torno de 790 mil). Também publica um jornal mensal, Akahata (Bandeira Vermelha), que tem uma circulação diária de cerca de 1,2 milhão de exemplares.
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