DOIS AECINHOS E
TRÊS PROBLEMÕES
João Tavares
Quando da realização do debate na Globo, no primeiro turno, os marqueteiros criaram o personagem 'Aécio lindo, leve e solto'. Franco atirador - estava atrás de Marina na ocasião - ele pôde surfar numa imagem de tranquilidade absoluta. Sorriso constante, terno impecável, usou e abusou de uma estudada simpatia para vender jovialidade e descontração em um ambiente notoriamente sisudo e circunspecto.
Repetir a estratégia no debate da Band foi um tiro no pé. As 'qualis' comprovaram que o candidato tucano passou uma imagem de soberba, arrogância e menosprezo pela adversária. No SBT tentou-se o inverso. Aécio foi engessado numa seriedade canhestra e, sisudo, passou uma imagem que oscilava entre o ódio incontido, a tristeza e a depressão. Congele a imagem de um Aécio sério(ao lado) e comprovarão.
Agora, para os próximos debates, os marqueteiros tucanos estão diante de três problemões - além do ser ou não ser, simpático ou petulante. Aécio tem uma tríade de problemas a resolver e a responder sem muito espaço para rodeios, circunlóquios ou tergiversações:
1) As verbas do governo de MG para as rádios da família:
Para a imprensa ele diz não ter ciência. Esperto jogo de palavras para não dizer o politicamente incorreto 'não sei'. Basta Dilma cobrar transparência ao candidato e orientá-lo: "pergunte ao contador e depois explique para o país".
2) O emprego no gabinete do papai na Câmara dos Deputados enquanto estudava no Rio:
Dizer que era assim que as coisas funcionavam não pega bem na nova política (o que você acha, Marina?) Ou Aécio não trabalhava para estudar ou não estudava pra trabalhar. Mas Dilma vai atrás de um detalhe ainda mais desmoralizante para o paladino da moralidade. Ele era celetista. "Mostre a Carteira de trabalho, candidato." Lá consta salário, carga horária e etc e tal. Quer dizer que o garotão recebeu todos os direitos trabalhistas, contou tempo para aposentar, recebeu o FGTS quando da demissão; tudo isso para surfar pelo Rio de Janeiro?
3) Ainda o aeroporto de Cláudio:
Candidato, com quem está a chave hoje? Ora, se ela não está mais com o titio, é sinal de que a desculpa inicial não decolou.
Que postura pessoal Aécio irá tomar nos próximos debates é um problema dele, dos seus marqueteiros e de seus possíveis eleitores. Aécio com um porrete na mão contra uma senhorinha próxima dos 70 anos pareceu exagerado. Era como um lobo mau diante da vovozinha. Se a estratégia se repetir, cabe a Dilma parafrasear Chapeuzinho Vermelho:
- Candidato, para que servem esses
olhos, essa boca e esse nariz tão grande?
- Candidato, para que servem esses
olhos, essa boca e esse nariz tão grande?
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