Análise Datafolha: Dilma
avança em todas as classes,
Aécio perde pontos na alta
Jornal GGN - Análise da pesquisa Datafolha, feita por seus diretores, aponta crescimento de Dilma Rousseff em todas as classes sociais. Apesar deste crescimento generalizado, Aécio continua campeão nas classes mais altas, mas não tão campeão assim, já que perdeu alguma margem justamente onde é mais representativo. Ainda na análise a constatação do que já é sabido: São Paulo é o estado que sustenta o tucano, não conseguindo o mesmo feito em Minas Gerais, por exemplo, seu berço e de onde extraiu toda a sua experiência gerencial. Leia a matéria.
MAURO PAULINO(DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA)
ALESSANDRO JANONI(DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA)
Sob a percepção mais otimista dos eleitores acerca do futuro do cenário econômico, o apoio à reeleição de Dilma Rousseff se espraia por diferentes classes sociais. Com isso, a petista chega para o último debate antes do pleito com vantagem real sobre Aécio Neves.
Se no primeiro momento, o segmento intermediário da classe média foi o responsável por desequilibrar a disputa a favor da presidente, sua liderança atual reflete o crescimento das intenções de voto tanto nos estratos mais ricos quanto nos mais pobres.
O tucano continua liderando com folga nas classes mais altas de onde extrai a maior parte de seus votos válidos, mas sua participação nesses subconjuntos caiu significativamente.
Na primeira pesquisa realizada após o primeiro turno, Aécio alcançava 74% entre os integrantes da classe alta e 67% entre os da média alta. Hoje, essas taxas correspondem a 64% e 58%, respectivamente.
Pelo peso desses dois subconjuntos na composição do eleitorado –aproximadamente 30%– as quedas, mesmo que expressivas internamente nos estratos, explicam a perda de dois dos quatro pontos percentuais que o peessedebista regrediu no total.
O restante do prejuízo vem dos setores mais numerosos da população –intermediários e excluídos.
Se há duas semanas, o melhor desempenho do tucano entre os mais pobres do que o de Dilma entre os mais ricos lhe garantia vantagem numérica, já que ambos extraíam do segmento intermediário o mesmo número de pontos, a situação agora mudou.
A perda de Aécio na classe média, inclusive no setor mais rico do estrato, o coloca em desvantagem. De seus 47% de votos válidos, 19 pontos vêm dos segmentos mais altos (eram 21 na pesquisa anterior), 14 do intermediário e 14 dos mais baixos. A distribuição por classe dos 53% de Dilma corresponde a 12, 17 e 24, respectivamente.
A maioria da classe média alta reside em Estados do Sudeste, especialmente em São Paulo, a maior parte em grandes cidades, e o estrato é um dos grupos mais ativos economicamente. Estão incluídos no mercado de trabalho como assalariados registrados, autônomos regulares e funcionários públicos acima da média da população. Têm grande potencial de consumo, com quase a totalidade de seus integrantes na classe B.
Instigados pela campanha eleitoral à equação, uma parcela desse segmento, com escolaridade não tão elevada quanto a da classe alta, pode valorizar mais a segurança do emprego formal, o impacto da empregabilidade junto aos seus, do que eventualmente os 6,5% de inflação anual no orçamento familiar.
O Datafolha já havia identificado queda de Aécio Neves e crescimento de Dilma no Sudeste no início da semana, mas não conseguia precisar em qual dos Estados ela ocorria, já que nos estudos anteriores não havia base estatística segura para a análise.
Agora, percebe-se que em comparação com o levantamento de duas semanas atrás, o tucano perdeu oito pontos no Rio e seis em São Paulo. Minas, nesse período, apesar de oscilações, ficou estável, dividida entre os dois.
Mesmo com a variação negativa, é o Sudeste, especialmente o Estado de São Paulo, que sustenta o alto patamar de intenção de voto de Aécio Neves e que mantém chances para o tucano equilibrar novamente a disputa.
De seus votos válidos, metade vem da região, dentre eles aproximadamente 30% provenientes dos paulistas. Dos votos válidos de Dilma, apenas 16% vêm do Estado de São Paulo. O Nordeste que pesa 27% no eleitorado brasileiro contribui com 36% dos votos válidos da petista.
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