Sistema financeiro e tucanos tentam inflar
campanha de Marina
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) formalizou nesta quarta-feira (20) a indicação da ex-senadora Marina Silva como candidata à Presidência da República, em substituição ao candidato Eduardo Campos, morto em trágico acidente aéreo dia 13 de agosto.
Dayane Santos
FHC já aconselhou Aécio a não "polarizar" com Marina.
A entrada de Marina na disputa tem provocado euforia do campo neoliberal que utiliza seus instrumentos para inflar sua candidatura. Um dia depois do sepultamento de Campos, a grande mídia divulgou pesquisa de intenção de voto colocando Marina em empate técnico com o tucano Aécio Neves. E no campo econômico, porta-vozes do sistema financeiro celebram a candidatura da ex-senadora.
Consultando uma bola de cristal especial de eleições, o banco americano Brown Brothers Harriman (BBH) divulgou relatório nesta terça-feira (19) que diz que Marina Silva (PSB) tem uma chance superior a 50% de vencer as eleições deste ano. O banco continua a sua análise revelando o que realmente quer quando diz que tal hipótese é muita positiva “para os mercados como para o país como um todo”.
Banco americano dá recado aos tucanos
O Brown Brothers Harriman diz ainda que ex-ministra “é a única grande candidata capaz de estimular eleitores desencantados com o sistema político” e destaca que vários de seus assessores econômicos, como Eduardo Giannetti, são “muito respeitados por economistas do 'mainstream'”, ou seja, da mesma corrente de pensamento.
O banco vai além dando um recado aos tucanos dizendo que a governabilidade estaria garantida se eles apoiassem a candidatura de Marina, pois veem semelhanças importantes entre as propostas, principalmente no que diz respeito à cartilha tucana de “ajustes” com regime de meta de inflação, realinhamento de preços administrados e disciplina fiscal, ou seja corte dos investimentos sociais.
A análise do banco e o alarde com a entrada de Marina na disputa é resultado das pesquisas de intenção de voto que apontavam vitória da presidenta Dilma Rousseff. A aposta neoliberal em Aécio Neves estava minguando diante da falta de identidade com o povo e de propostas. Aécio tem-se limitado a fazer críticas ao governo, promete dar continuidade aos programas sociais de Lula e Dilma, defende-se do escândalo do aecioporto. Enquanto isso, esconde o jogo sobre as medidas de arrocho que imporia ao país se fosse eleito.
Campanha bolha de sabão
Vendo que a campanha do tucano é como uma bolha de sabão, sem consistência para decolar, a saída neoliberal tenta emplacar Marina como alternativa do campo direitista. Fernando Henrique Cardoso, um dos gurus de Aécio, já aconselhou seu afilhado a não polarizar a disputa com Marina Silva por uma vaga no segundo turno, pois “ambos estão contra” a reeleição da presidenta Dilma Rousseff e podem apoiar um ao outro após o primeiro turno.
O ex-ministro do Desenvolvimento de FHC, Luiz Carlos Mendonça de Barros, também guru de Aécio, mas na área econômica, postou em sua página no Facebook, na segunda-feira (18), que um eventual governo de Marina “deverá seguir esta cartilha (trazer inflação para a meta, realinhamento de preços administrados, disciplina fiscal etc...)”, pois contaria com quadros tucanos na economia, como André Lara Resende e Eduardo Giannetti da Fonseca.
Entre as garantias, Mendonça se compromete com o eventual governo de Marina dizendo que o mesmo contaria com os tucanos na base do Congresso prevendo uma “dificuldade de diálogo com o establishment político”.
Novamente, a campanha demonstra que há dois caminhos polarizados na disputa eleitoral: um de continuidade dos avanços sociais, com melhoria da renda e do emprego; e outro, de redução do Estado e alinhamento ao sistema financeiro internacional. Falta pouco mais de um mês para o fim da campanha eleitoral. Portanto, muita água ainda tem que passar por esse rio.
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