Houve uma mudança significativa nos programas de televisão do horário gratuito, neste sábado.
Aécio Neves aposentou o “estadista” de alfaiate com que apareceu nos dois primeiros programas e procurou se mostrar mais próximo das pessoas, ainda que com a demagogia explicita de levar a filha até o Amazonas para fazer simples figuração.
Lá, prometeu ser mais petista que os petistas, com mais “Bolsa-Família” que todos os programas petistas até agora.
Foi até razoavelmente bem no tema inflação, que sempre tem apelo, mas no resto parecia dizer que o PT é muito moderado.
Insiste com aqueles planos olhando para o nada, coisa de pseudocineasta, porque quem faz cinema de verdade sabe que isso só se justifica quando o protagonista está “viajando” no pensamento,. falando para si mesmo ou para um interlocutor imaginário.
E que é algo que exige big close, para transmitir emoção e sinceridade, não planos médios com os utilizados , que colocam o orador “falando para ninguém”.
O exemplo de “preocupação social” de seu governo em Minas, com o rapaz que virou lojista, foi fraco e não comoveu.
Marina finalmente começou sua campanha, ao estilo Cristóvam Buarque. Sou legal, dialogo, quero conversar com todo mundo, em todo lugar há gente boa e uma série de tautologias primárias, mais próprias para o programa de Ana Maria Braga do que para firmar a ideia de uma potencial governante do país.
Se sua ideia foi transmitir fragilidade,não foi tão mal, desconsiderando o artificialismo da leitura e os movimentos repetidos e inexpressivo das mãos, que transmite qualquer coisa menos força e sinceridade. Mas se é sua ideia se apresentar como uma predestinada, uma mulher santificada, não.
Já o programa de Dilma foi extremamente feliz na escolha do tema, do tom e da variação.
Depois de dois programas de “obras grandiosas”, escolheu uma aproximação maior com o sentimento das pessoas que se beneficiaram das ações de governo.
Os três casos de sucesso de uma nova geração, o orgulho dos pais e a diversidade geográfica, social e étnica com que foram escolhidos foi muito boa, mas achei fraca a sequencia da carta, na qual a projeção do vídeo, com uma Dima igual à do programa e excessivamente formal deu certo artificialismo.
A entrada de Lula foi novamente correta, mas esgotou um primeiro ciclo, em que ele aparece como “avalista” de Dilma. Creio que, a partir de terça-deira, no próximo programa, surgirá um Lula mais participante da campanha e das decisões de Governo, aparecendo ao lado e dialogando com Dilma, que não apenas “continua” seu governo mas como alguém que partilha com ele decisões, metas e discussões.
No balanço da primeira semana de TV, para ser conciso, eu diria que Dilma teve três programas de televisão, enquanto Aécio e Marina, a rigor, só estrearam hoje, e sem grande impacto.
De todos, o que teve mais prejuízos foi Aécio, que tinha na televisão a melhor chance de resistir ao avanço de Marina pela mídia. Errou em tudo, desde em ser apresentado como um almofadinha petrificado quanto por não ter focado no eixo SP-MG-Rio, vital para sua sobrevivência como candidato.
De Marina, não se pode dizer que perdeu algo, senão a oportunidade de turbinar a promoção da mídia e da catástrofe com uma imagem de ativa, dinâmica, capaz de gerir, que é o ponto fraco em sua percepção.
Dilma cumpriu o esperado de sua primeira fase de campanha: mostrar que coisas aconteceram em sua gestão, ajudando a desfazer a imagem de paralisia que a mídia construiu sobre sua gestão. Abriu a mochila e mostrou que tinha bagagem dentro dela.
Agora, precisa entrar mais diretamente nas questões e apresentar as direções para, de fato, o país seguir mudando.
E mais, muito mais.
Assista aos programas e faça sua avaliação.
Dilma Rousseff
Marina Silva
Aécio Neves
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