quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Jornal Nacional: entrevistadores falaram 16 vezes com Aécio Neves, 24  com Eduardo Campos e 38 com Dilma Rousseff

              Blog da Cidadania por Eduardo Guimarães

Muitos se animaram com a primeira entrevista de candidatos a presidente da série que o Jornal Nacional levaria a cabo até a fatídica terça-feira da semana passada (13/8), véspera do desastre aéreo que ceifou a vida de Eduardo Campos.
Aécio Neves, o primeiro entrevistado pelo JN, foi inquirido com certa “dureza” pelos apresentadores do telejornal. Um tucano ser perguntado sobre assunto incômodo, justo no veículo de comunicação que é uma espécie de porta-voz do PSDB, fez muita gente pensar que a Globo, finalmente, trataria todos os presidenciáveis com idênticos critérios.
À luz das demais entrevistas apresentadas no telejornal(duas na semana passada e, devido à morte de Campos, duas nesta semana), ficou, porém, bastante claro que Aécio enfrentou apenas uma fração da “dureza” a ser aplicada de forma crescente até a vez de Dilma Rousseff, reduzida a contundência com o “pastor” Everaldo, na última terça.
Contudo, após a entrevista de Dilma ficou clara a diferença escandalosa de tratamento que os âncoras do JN deram a cada candidato.
Para traduzir essa diferença em números, o Blog usou um método simples. Em qualquer discussão – e as entrevistas foram, em resumo, discussões políticas –, a quantidade de vezes em que cada interlocutor se manifesta revela o nível de polêmica. Por esse critério, a entrevista mais “quente” foi a de Dilma.
Com efeito, quanto mais falam os entrevistadores, menos o entrevistado fala. Assim sendo, colocando em números quanto entrevistados e entrevistadores se manifestaram em cada uma das quatro entrevistas, é possível ver os critérios usados pelo Jornal Nacional.
Com Aécio, Bonner e Poeta se manifestaram 16 vezes e o entrevistado, 15. Aécio falou 93,75% do que falaram os entrevistadores.   Com Campos, Bonner e Poeta se manifestaram 24 vezes e o entrevistado, 22. Eduardo falou 91,66% do que falaram os entrevistadores.  Com Dilma, Bonner e Poeta se manifestaram 38 vezes e a entrevistada, 32. Dilma falou 84,21% do que falaram os entrevistadores.  Com o “pastor” Everaldo, Bonner e Poeta se manifestaram 36 vezes e o entrevistado, 31. Everaldo falou 86,11% do que falaram os entrevistadores.
O candidato que teve o melhor tratamento no Jornal Nacional foi – oh!  surpresa! – Aécio Neves. A leniência dos entrevistadores com a questão do aeroporto que o tucano mandou construir na fazenda de sua família é flagrante, comparando com o que ocorreu nas outras entrevistas.
Com Dilma e o “pastor” Everaldo registrou-se 'fenômeno' não ocorrido nas entrevistas de Aécio e Campos: constantemente, Bonner e Poeta faziam perguntas em sequência. Algumas vezes, falou Bonner, falou Poeta e Bonner novamente – ou vice e versa – e só então o (a) entrevistado (a) respondeu. Com Aécio e Campos foi 'pingue-pongue' – um entrevistador falava e o candidato respondia.
Além disso,  os entrevistadores fizeram intervenções bem mais extensas na vez de  Dilma do nas de Aécio, Campos e Everaldo.
O Partido dos Trabalhadores foi o único  'negativamente' citado(na entrevista de Everaldo, não na da presidenta), face ao repasse de recursos de campanha ao partido do candidato entrevistado, prática previsível e corriqueira em qualquer aliança eleitoral, por parte do comando da coligação.
Por fim, Marina Silva,substituta de Eduardo Campos,  não vai sofrer questionamentos incômodos no JN, sob a desculpa esfarrapada de que o espaço do PSB já fora ocupado? Ao não entrevistá-la, o JN não estará propositadamente blindando a candidata?

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