quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O que seria o ’20 centavos’ da universidade brasileira?



O desencontro entre as 948 inscrições confirmadas de profissionais brasileiros no programa ‘Mais Médicos’, face a uma demanda superior a 15,4 mil reclamada por 3.511 municípios, forma uma contabilidade pedagógica dos dias que correm.

Em dois sentidos. 

O primeiro, explícito, comprova o acerto do governo em romper a lógica incremental e recorrer a médicos do exterior para mitigar a emergência da saúde pública entre populações desassistidas.

O segundo é menos óbvio, mas de alcance estrutural decisivo.

Ele escancara a necessidade de se repensar a interação entre Universidade e políticas públicas de desenvolvimento, num momento em que o país luta para inaugurar um novo ciclo de construção da democracia social reclamada por sua gente.

É com esse objetivo que Carta Maior realiza nesta 5ª feira, em Brasília, (às 16h30, no Hotel Brasil 21 Suites, SHS, quadra 6, Bloco D) o segundo encontro de uma série de debates com professores universitários de todo o país.

A primeira rodada ocorreu em São Paulo, no último dia 29. Cerca de 40 intelectuais debruçaram-se então na discussão da conjuntura do país e da incidência das manifestações de junho na agenda progressista brasileira (leia nesta pág.).

Na próxima semana, o grupo paulista deve se reunir novamente. Os interessados em participar devem escrever para o e-mail J29@cartamaior.com.br. 

Na primeira semana de setembro, será a vez de Porto Alegre.

A capital gaúcha vai engrossar a corrente, cuja aspiração é pactuar uma agenda da universidade para as reformas requeridas pelo desenvolvimento brasileiro.

Carta Maior, que nasceu como um espaço de reflexão da intelectualidade progressista, elegeu uma prioridade nesse mutirão.

Estamos propondo um passo além do debate convencional sobre generalidades.

Estamos propondo a incômoda operação de concretizar o geral no particular.

Por exemplo, definir uma reforma da universidade que seja coerente com as proclamações gerais sobre outros temas da luta pelo desenvolvimento e por mais democracia.

Isso pode fazer a diferença.

Afinal, de que universidade o Brasil precisa hoje para dar conta dos grandes desafios reiterados nos diagnósticos amplos sobre os nossos desafios políticos, econômicos e sociais?

Trata-se de uma provocação, no sentido de exortação à Universidade pública, para que ela volte a ser um ator do desenvolvimento.

E não apenas um cronista da crise.

Ou um coadjuvante do mercado.

Lançar mais um manifesto genérico sobre ‘o balanço do fim do mundo’, que efeito teria?

Os jovens do Passe Livre, com todas as ressalvas que possam ser feitas, deram uma lição importante de política.

Eles condensaram o colapso urbano em 20 centavos. E com essa alavanca mexeram na política nacional.

Em que consistiria um ‘20 centavos’ do mundo acadêmico, capaz de mexer com as urgências colocadas ao passo seguinte do desenvolvimento brasileiro?

De novo, 'O Mais Médicos’ abriu a fila.

Tornou-se uma espécie de '20 centavos' do ensino da medicina em relação aos desafios da saúde pública nacional.

Qual seria um '20 centavos' do ensino de jornalismo? E o de engenharia? E o de economia? E o de Direito?

Como esse punhado de 'centavos' se harmoniza para criar as linhas gerais de uma reforma que aumente a sintonia entre a universidade e o futuro aspirado pela população brasileira?

É essa inquietação que CM compartilha com a comunidade universitária, à qual se oferece como um canal de expressão democrático e progressista. 

Ao debate.

Nenhum comentário: