A crise da direita brasileira
É um fenômeno geral no continente: os governos progressistas deslocaram a direita e a ultra esquerda, que não encontram forma de acumular força. A ultraesquerda insiste em não reconhecer que a situação social desses países melhorou substancialmente, que deram passos importantes na contramão do modelo neoliberal, que têm uma politica externa que se opõem à dos EUA, que recuperaram o papel ativo do Estado. Fica isolada dos processos que se dão em cada país e do grupo de governos progressistas na América Latina, que representam o contraponto internacional ao eixo neoliberal ainda hegemônico no capitalismo mundial. Não consegue apoio em nenhum dos países com governos progressistas e frequentemente aparece aliada à direita, considerando aqueles governos como seu inimigo principal.
A direita, que fracassou com seus governos neoliberais, leva esse peso nas costas – imaginem o que é carregar o peso de governos como os de Menem, Fujimori, Carlos Andrés Peres, FHC? Mas tampouco conseguiu uma nova identidade durante os governos progressistas. Em todos os países lhe faltam lideres, programa, apoio popular.
No Brasil, além da dificuldade do que fazer com o governo FHC – Serra e Alckmin tentaram distâncias e não deu certo pra eles, Aécio tenta reivindicar FHC e, como se vê, não decola – não consegue líderes, nem programa. A velha mídia, sua ponta de lança e farol ideológico, mantém capacidade de gerar ou multiplicar circunstâncias, que geram certo desgaste nos governos, mas daí não se fortalecem líderes da direita.
Apesar da sua insistência – até porque não sabe fazer outra coisa -, José Serra é carta fora do baralho e sua validade já venceu. Aécio não consegue crescer, em nenhuma circunstância, nem com todo o beneplácito da mídia. Não dá confiança nem a seus correligionários mais fiéis – como é o caso de FHC agora. Não creem que ele tenha possibilidades de vitória e até corre o risco de ficar em terceiro lugar, consolidando o desmonte dos tucanos.
O balão de ensaio do Joaquim Barbosa não funcionou e o mesmo aconteceu com o Eduardo Campos. As possibilidades eleitorais da Marina são limitadas porque, apesar do desempenho nas pesquisas, seu tempo de TV será exíguo e ela não conta com alianças nos estados, nem com bancadas de parlamentares. Além da falta de um programa minimamente apegado à realidade do Brasil.
Parece que a direita se contentaria em chegar a um segundo turno, com qualquer candidato, porque seu objetivo é: qualquer um, menos Dilma. Muito pouco para o estardalhaço da sua mídia.
(Postado por EMIR SADER)
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