Por que Lula deve se candidatar
a governador de São Paulo
Paulo Nogueira
Os números do Datafolha mostram que o Palácio dos Bandeirantes está a seu alcance.
Lula tem um tremendo dilema a partir da divulgação da última pesquisa do Datafolha sobre a eleição em São Paulo: o que fazer com Lula?
A leitura mais apressada e viciada dos resultados mostra, simplesmente, que o governador Geraldo Alckmin bateria até Lula na eleição.
Mas um olhar menos partidário vai adiante.
Comecemos.
Primeiro, e acima de tudo: Lula é o melhor nome do PT para enfrentar Alckmin.
Mesmo não sendo candidato, no Datafolha ele apareceu com 26% das intenções de voto, um ponto de partida definitivamente interessante.
Lembre-se a marca a partir da qual Dilma virou presidenta. Ou os primeiros números de Haddad na campanha pela prefeitura de São Paulo.
Depois, Alckmin não é nenhum campeão de carisma. No corpo a corpo com Lula, tende a ser varrido.
Tente imaginar um debate entre os dois.
É difícil a hipótese de, estabelecido efetivamente um confronto entre os dois, Alckmin não ser batido. Atropelado.
Numa comparação livre e internacional, é uma espécie de reedição paulista do embate entre Chávez e Capriles.
A obra de Alckmin também não o defende: basta ver a questão da segurança pública. Ou a omissão em casos agudos sociais, como a destruição de Pinheirinho.
Mais que tudo: entre paulistas e paulistanos, o prestígio do PSDB foi sendo minado nos últimos anos pela combinação da malvadeza cínica de Serra, da omissão envelhecida de FHC e da ausência de charme de Alckmin.
É um partido sem rumo, perdido no mundo moderno, e que pode ser batido. Pode e deve, aliás. São Paulo demanda um governo com ação social, capaz de mitigar as desigualdades chocantes do estado.
O PSDB é hoje um fator de atraso para os paulistas. Não era assim. Mas ficou assim, e não há como fugir dessa constatação. O conservadorismo foi tomando o partido como uma metástase. E São Paulo, para se reinventar, tem que rejeitar políticas e soluções neoliberais.
O que talvez detenha Lula é a consciência de que a mídia vai crucificá-lo.
Mas mesmo aí pode haver um fato positivo: com a mídia concentrada nele, Dilma tenderá a ser poupada, até por falta de munição para dois ataques simultâneos.
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