sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Javier Bardem escreve carta contra a covardia de Israel    

“É vergonhosa a postura ocidental de permitir o genocídio em Gaza. É uma guerra de extermínio contra um povo sem meios”. Leia abaixo a íntegra da carta publicada pelo ator Javier Bardem, vencedor do Oscar por “Onde os fracos não têm vez”.
                                             
          

Javier Bardem, vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante   no
filme 'Onde os Fracos não têm vez', publicou uma carta de  repúdio
ao  massacre  promovido  por Israel  na Faixa  de  Gaza.   Na carta, 
divulgada originalmente  pelo   jornal  La  Marea,  o  ator    espanhol 
considera  vexatória  a postura  do  Ocidente diante   do  genocídio
 do  povo palestino. Leia a íntegra abaixo.

GENOCÍDIO 

No horror que está acontecendo em Gaza não há espaço para equidistância nem neutralidade. É uma guerra de ocupação e de extermínio contra um povo sem meios, confinado em um território mínimo, sem água, e onde hospitais, ambulâncias e crianças são alvos e suspeitas de terrorismo. Difícil de entender e impossível de justificar. E é vergonhosa a postura ocidental de permitir tal genocídio. Não entendo essa barbárie e os horríveis antecedentes vividos pelo povo judeu tornam-na ainda mais incompreensível. Só as alianças geopolíticas, essa máscara hipócrita dos negócios – como, por exemplo, a venda de armas – explicam a posição vergonhosa dos Estados Unidos, União Europeia e Espanha.

Sei que eles sempre deslegitimaram meu direito à opinião com temas pessoais,  por isso quero  explicar os seguintes pontos: 

Sim, meu filho nasceu em um hospital judeu porque tenho muita gente querida ao meu redor que é judia, e porque ser judeu não é sinônimo de apoiar um massacre, assim como ser hebreu não é o mesmo que ser sionista, e ser palestino não é ser um terrorista do Hamas. Isso é tão absurdo como dizer que alguém ser alemão o vincula com o nazismo.

Sim, trabalho também nos EUA, onde tenho amigos e conhecidos hebreus que rechaçam tais intervenções e políticas de agressão. “Não se pode invocar autodefesa quando se assassina crianças”, me dizia um deles por telefone ontem mesmo. E também outros com que discuto abertamente sobre nossas posições divergentes. 

Sim, sou europeu e me envergonha uma comunidade que diz me representar com seu silêncio e ausência de vergonha. Sim, vivo na Espanha pagando meus impostos e não quero que meu dinheiro financie políticas que apoiem esta barbárie e o negócio armamentista com outros países que se enriquecem matando crianças inocentes. Sim, estou indignado, envergonhado e dolorido por tanta injustiça e pelo assassinato de seres humanos. Essas crianças são nossos filhos. É o horror.

Oxalá haja compaixão nos corações dos que matam e desapareça esse veneno assassino que só cria mais ódio e violência. Que aqueles israelenses e palestinos que só sonham com paz e convivência possam um dia partilhar sua solução.

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