sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Por que a extrema esquerda fracassou  e acabou isolada 

Esse fracasso da extrema esquerda hoje é generalizado nos países de governos progressistas, como Venezuela, Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador e Brasil...

Emir Sader                                  
                  
Emir Sader
À medida que foram eleitos governos progressistas na onda do fracasso e rejeição aos governos neoliberais, predominantes nos anos 1990 na America Latina, ao mesmo tempo se reconstituiram as forças de extrema esquerda, na crítica  a esses novos projetos de poder.



Nenhum deles seria poupado, mas inicialmente o governo Lula foi objeto agudamente concentrado dessas críticas. Motivos não pareciam faltar. Desde a “Carta aos brasileiros”, Lula parecia encaminhar-se para o abandono das teses históricas da esquerda, repetindo a experiência histórica que os trotskistas sempre anunciaram: a Social Democracia se comporta como força de esquerda, quando está na oposição, mas basta chegar ao governo, para romper com as teses históricas da esquerda, “traindo” a esquerda e os trabalhadores, para se revelar como uma manobra de engano do povo e de continuidade, sob outra forma dos governos da direita.

Uma equipe econômica conservadora, uma reforma regressiva da previdência, discurso tímido – tudo parecia confirmar a tese da “traição”. Cabia, perfeitamente, uma critica pela esquerda, sobre a questão central do período: a superação do modelo neoliberal, que era feita pela esquerda do PT.

Discutia-se se o governo seguia  sob disputa entre tendências conservadoras e de esquerda, até que um grupo considerou que era um governo “perdido”, saiu do PT e  fundou um novo partido(O Psol). O grupo foi rapidamente hegemonizado por trotskistas (da tendência 'morenista', originária da Argentina), que enquadravam a evolução do PT no governo como modelo clássico da “traição”.

Porém, ao invés de elaborar uma crítica de 'esquerda' e formular alternativas, rapidamente esse grupo pegou carona nas denúncias do “mensalão”, que a mídia(golpista) lançou contra o PT. Fazendo com que a “traição” tivesse uma conotação de “corrupção”, como sintoma de  degradação moral do governo petista.

A líder do grupo, Heloisa Helena, com seu destempero verbal, tratava o governo(e o PT) como “gangue” e outros epítetos afins, tão ao gosto da classe média. O segmento, que supostamente saia pela esquerda para fundar o Psol, rapidamente somava-se, de maneira subordinada, à ofensiva da direita contra o presidente Lula.

A campanha eleitoral de 2006 foi a consagração dessa aliança tácita: todos contra o governo Lula, inimigo fundamental de uns e dos outros.  Nela, o Psol consolidou a opção pela critica moralista, da “traição” do Lula. Quem trai, se torna cada vez pior, reprime, reproduz exatamente o governo da direita. Daí as armadilhas em que caiu o Psol.

O novo partido se concentrou na tentativa de demonstrar que não teria havido “herança maldita”, desconhecendo totalmente a profunda e prolongada recessão produzida pelo governo FHC e a situação herdada do Estado, do mercado interno, da exclusão social, da precarização das relações de trabalho, entre outras. Pior ainda do que isso, passou a desconhecer – da mesma forma que a direita – as diferenças do governo Lula em relação ao de FHC, em particular a prioridade das políticas sociais.

Além de negar que a polarização neoliberalismo/antineoliberalismo é o enfrentamento central do período histórico atual, desconhecendo que o governo Lula faz parte do movimento histórico, no continente, de construção de Estados pós-neoliberais. Mais: escamoteou o papel dos novos governos latino-americanos, como único polo mundial de resistência ao neoliberalismo.

A aliança oportunista com a direita contra o governo Lula se deve à consciência de que só teriam espaço se o PT fracassasse. Então se somaram a essa frente, que toma o governo Lula como seu inimigo fundamental.

A essa aliança acrescente-se a atitude ultraesquerdista de, no segundo turno, entre Lula e Alckmin, ficar equidistante, como se fosse o 'mais do mesmo' com quem quer que ganhasse a disputa eleitoral. Imaginem o Alckmin presidente do Brasil, diante da crise de 2008! Bastaria isso para nos darmos conta da posição absurda, naquele segundo turno de 8 anos atrás, assumida pelo Psol.

Depois do brilhareco momentâneo nas eleições de 2006, em que o desempenho da Heloísa Helena, presidente do partido, chegou a ser vergonhoso, promovida pela Globo para provocar o segundo turno, o perfil do partido claramente baixou. E se deram conta de que  a anunciada  'alternativa nacional à esquerda' havia fracassado. A candidatura de Marina, que herdou boa parte dos votos de Heloisa Helena, repetiu a aventura em 2010. As posições posteriores da ex-candidata(HH) complementaram sua imagem individualista e reacionária em relação a temas como  o aborto e a democratização dos meios de comunicação, além de notório descontrole que a desqualificou para liderar um partido de esquerda.

Enquanto isso, ao invés de ser derrotado, o governo Lula, pelos efeitos das politicas sociais, ampliou seu apoio popular de forma constante, permitindo a eleição da Dilma. Rousseff.

O desempenho do candidato do Psol nas eleições seguintes, Plinio de Arruda Sampaio, que contou com muitos espaços na mídia, na mesma busca de votos para chegar ao segundo turno contra o PT, confirmou o fracasso politico do partido, quando teve 1% dos votos, menos até que outros 'nanicos' sem espaço na imprensa conversadora. Desde então o partido tem uma postura de marcar posição, sem nunca jamais formular um projeto estratégico alternativo para o país,  reduzindo-se a uma força do campo de denúncias do “mensalão”.

Uma força de esquerda radical deveria produzir, antes de tudo,  análise especifica da sociedade brasileira, quanto ao grau de penetração do neoliberalismo, para propor um projeto de superação desse modelo, articulando o discurso do 'antineoliberalismo' com o 'anticapitalismo'. Deveria analisar o governo do PT, subscrevendo os avanços alcançados, formulando, concomitantemente,  críticas candentes às  eventuais debilidades detectadas no projeto governamental. Uma proposta de alinhamento ao governo pela esquerda nas questões gerais, sem declinar do contraponto a proposituras diversas de sua visão doutrinária.

Teria que apoiar a política externa do governo, suas políticas sociais, o resgate do papel ativo do Estado nos planos econômico e social. Bem assim solidarizar-se com os governos progressistas sul-americanos e protagonizar os processos de integração regional.

Caberia ao Psol caracterizar o governo como  força progressista, embora moderada no campo da esquerda, explicitando-se como sua força mais radical. Para tanto precisaria ter clareza dos inimigos fundamentais, que compõem a direita – EUA, PSDB e seus aliados -, a mídia oligárquica, o sistema bancário. A fim de não ser confundido com o reacionarismo conservador.

Essa via foi inviabilizada pela opção que o Psol assumiu e reafirmou ao longo do governo do PT, isolando-se, sem apoio popular, valendo-se dos espaços que a mídia direitista lhe concede, quando entende que pode produzir prejuízos políticos a grupamento no poder.
Virou um partido denuncista, de causas corretas e outras duvidosas. Nem sequer valoriza o imenso processo de democratização social que tem transformado positivamente o Brasil na ultima década.

Esse fracasso da extrema esquerda  é generalizado nos países de governos progressistas – Venezuela, Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador -, com desempenhos mais ou menos similares, mas a mesma incapacidade de compreender a natureza do período histórico neoliberal e a nova ordem progressista em curso. A extrema-esquerda passou a rotular os referidos governos tomando como inimigos figadais, aliando-se, tácita ou explicitamente, à direita contra eles. Ficou isolada, no denuncismo panfletário,  sem propostas alternativas. Enquanto isso, os governos progressistas passaram a referências fundamentais,  mundo afora,  na luta antineoliberal.


Do AMgóes - Reproduzo abaixo, na íntegra, comentários contextualmente bem situados, prós e contrários à avaliação do Emir Sader, pertinentes para entendimento deste debate democrático sobre o tema.  Assim, sugiro que os leia, visando a consubstanciar seu ponto de vista.                                                                                                                                      
-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-







Victor Emanuel Giglio Ferreira - 15/01/2015
Ótimo texto. Também penso que esses grupos e partidos políticos deveriam se aliar ao PT, se tornando uma alternativa concreta à esquerda do mesmo, contra a direita, o grande capital financeiro nacional e estrangeiro e sua mídia. Deveria apoiar as boas medidas do governo, como o bolsa família, entre outras e inclusive o atual necessário corte do déficit público, mas se opondo firmemente à elevação dos juros (bolsa banqueiro) e propondo a estatização definitiva de todo o capital financeiro - principalmente os bancos - e sua mídia eletrônica no país. Deveria apoiar a instauração completa do socialismo de mercado (quando o setor financeiro passa a ser inteiramente estatizado - mantendo porem os setores produtivos privatizados) no país, como já existe na China, Índia, Rússia, Vietnã, etc., entre outros. Acho engraçado chamarem o Siriza de estrema esquerda porque inclusive propõe a estatização dos bancos gregos, enquanto que a Rússia, a Índia e a China, onde os bancos já foram todos estatizados, são chamadas de regimes de direita capitalista. Um dos fundamentos do SISTEMA CAPITALISTA é o capital financeiro (que controla todos os outros através do crédito) - principalmente os bancos - em mãos privadas, logo os países acima mencionados não têm como ser chamados de capitalistas. Em nível nacional esses grupos e partidos à esquerda deveriam apoiar o PT, mas pressionando-o sempre para a esquerda. Em nível internacional apoiar uma aliança dos regimes de esquerda latino-americanos com a Rússia, Índia, China e outros não capitalistas, para derrocar definitivamente esse sistema no mundo, tendo como proposta básica a estatização definitiva de todo o capital financeiro mundial.
  |||||||||||||||||||

Rômulo Cristaldo levantou alguns pontos com os quais eu concordo.
Primeiramente quando ele diz "...uma esquerda extremista não se prestaria e endossar o aparato político oficial do capitalismo; o próprio fato do psol ser um partido oficial o desqualifica como extrema esquerda. Se o fosse, estaria pregando e articulando uma revolução, saindo da academia para a rua, para o campo, para trincheiras. Falta isto para uma extrema esquerda".
O sucesso de um Partido se mede pelo seu rendimento eleitoral ou pela capacidade de implementar, ainda que gradativamente, seus objetivos estratégicos? Os governos e o parlamentares petistas, Psolistas, PCebistas do B, e até os dois vereadores do PSTU (Natal e Belém) tem contribuído para que parcelas crescentes da população adquiram uma consciência crítica da sociedade? E os movimentos sociais de orientação socialista tem se fortalecido ou retraído pela ação desses partidos? Existe debate interno com a militância sobre temas relevantes da política nacional e internacional, sobre organização partidária e Governo, com cadernos de teses, etc. ou a militância deu lugar a cabos eleitorais?

Em nome da governabilidade vale tudo, inclusive rebaixar programas e projetos, ao ponto dos principais adversários ideológicos copiarem determinadas políticas governamentais, sem o menor receio de que tais políticas arranhem seus projetos de hegemonia?
Concordo que "falta uma análise da realidade da sociedade brasileira ou de suas fissuras, contradições e adesões parciais", não somente ao PSOL, mas, de resto, a todos os partidos tidos como de esquerda, que, inclusive, colocam no escanteio, algumas cabeças que fazem tais análises e apontam para outras direções a seguir.
Também estou de acordo com Rômulo Cristaldo quando ele diz que, "talvez não haja, exatamente, uma extrema esquerda (Partido político, grifo meu) no Brasil ou talvez não seja possível no momento histórico, ou porque aqui as condições da conjuntura política conseguiu reservar um espaço para o "pensamento de esquerda" sem, no entanto, haver lugares, ou momentum, ou oportunidade para a "prática da esquerda". Discordo, porém, que o golpe militar tenha sido o responsável por este feito. A raiz é anterior ao Golpe de 64.
O socialismo se constrói por socialistas. Então, o primeiro passo é a formação continuada destes. Estamos carentes disso.
   |||||||||||||||||||

Contudo gostaria  de reforçar pontos positivos e rechaçar outros. O PSOL é um partido ainda em formação, com cacoetes de PT. A crítica ao PSOL é válida e deve ser digerida pelo partido, contudo ressalto que esta crítica já faz parte do debate interno do partido e a situação descrita já não é tão verdadeira, o PSOL tem formado sua identidade e em muitas oportunidades tem se posicionado claramente como uma alternativa à esquerda e reconhecendo avanços do PT em relação ao PSDB. De fato, as táticas e estratégias do PT tem se mostrado insuficientes para promover os avanços tão necessários ao Brasil. A reflexão do PT neste momento é muito mais importante que a reflexão do PSOL, parte expressiva do PT já faz parte de engrenagens da antiga máquina política brasileira.
   |||||||||||||||||||

Caro Professor Emir,
Seu artigo aplica-se muito bem ao PSOL até a eleição passada. Devo ressaltar que acompanhei o processo que você descreve de muito perto, pois, fiz parte do coletivo ligado ao deputado federal Ivan Valente até 2006, e rompi com o grupo exatamente porque decidiram sair do PT para ir para o PSOL com esse esquerdismo infantil que você descreve tão bem, para o qual fiz um alerta em termos muito parecidos com os seus na minha carta de rompimento com o grupo.
Todavia, devo ressaltar que, em 2014, o PSOL deu vários sinais importantes de superação de seu isolamento e de seu esquerdismo frívolo, como o bom desempenho das campanha dos companheiros Marcelo Freixo e Jean Wyllys (cuja maior inserção social tem ajudado a melhorar seus posicionamentos políticos), bem como seu engajamento na campanha de Dilma no segundo turno. Coisas semelhantes ocorreram aqui em São Paulo.

Desse modo, peço que elabore uma análise específica do PSOL na última campanha eleitoral.
|||||||||||||||||||

As pessoas esquecem que o PT não é só um partido, é na verdade um aglomerado de tendências. O PSOL já existia dentro do PT, chamava-se "Refazendo". na última eleição interna do PT, apareceram vestidos de preto. Só ficariam no partido se sua chapa ganhasse. Isto já demonstra uma falsa noção de democracia. Mas o pior, é que não se pode num mundo capitalista impor normas socialistas de uma ora para outra, A inteligência do Lula, foi notar que ao invés de se contrapor frontalmente ao capitalismo, poderia abrir mão de certos princípios e chegar ao poder para fazer o que mais lhe incomodava: tentar acabar com a miséria no Brasil. Foi um vencedor. Não conseguiu tudo o que queria, mas inegavelmente melhorou muito o Brasil. O antigo PCB que a princípio era a favor de chegar ao poder pela revolução, abriu mão da revolução e numa votação em um Congresso na antiga União Soviética , passaram a aceitar concorrer democraticamente em uma eleição. O mundo muda constantemente e quem não muda com ele, vai ficando para trás. É claro que não se pode abrir mão de princípios básicos, mas devemos adequá-los as novas realidades.
   |||||||||||||||||||

Caro Emir, você está equivocado. O PSOL não é dirigido por morenistas, errou (feio) de partido. No Congresso, a diminuta bancada do PSOL vota a favor do governo do PT quando este raríssimas vezes propõe o que é caro à esquerda, como o caso do superávit primário, mesmo contra TODA a mídia gorda que, não sei de onde tirou isto, diz que dá espaço ao PSOL... Dá espaço para torpedeá-lo, como em 2013, por medo da possibilidade eleitoral do Freixo/PSOL no Rio. Mais, o PSOL apoia os governos progressistas da América Latina. Mais, no segundo turno em 2006, em 2010 e principalmente em 2014, os militantes e simpatizantes do PSOL votaram no PT para evitar o PSDB. É difícil ser de esquerda hoje em dia. Pelo menos "da esquerda que não teme dizer seu nome". O movimento deve ser o contrário. Avançar com a reforma agrária, propor a democratização da mídia, tornar excelente a saúde pública, fazer a reforma eleitoral que impeça o domínio do poder econômico do qual o PT também se beneficia, transformar a educação pública em política estratégica de Estado, propor a reforma urbana, avançar na questão ambiental, ampliar E MUITO os programas sociais, fazer a auditoria das dívidas, ufa... É tanta coisa que seu governo vem negligenciando que até pararei por aqui. Se a direção do PT tiver coragem de encaminhar tudo isto, arrisco dizer que terá o PSOL como ardente defensor. É melhor fazê-lo do que passar quatro anos agonizando e queimando o filme da esquerda. Ou será que a intenção é passar o bastão pra direita? É melhor ser esquerda, minoritária, que dormir ao lado da Kátia Abreu, não acha? Um abraço, vermelho.
   |||||||||||||||||||

Ótimo texto. Espero que a extrema esquerda brasileira tenha a oportunidade de o ler. O PT merece todas as críticas por se afastar de seus ideais, daí ao PSOL e companhia seguir a cartilha da direita e sua mídia é incompreensível. Considero que o PT nos traiu, mas, ainda, é o menos pior. PSDB, EUA, Globo e nossa extrema esquerda jamais terão o meu voto ou me verão a defender suas ideologias e golpes.
   |||||||||||||||||||

Realmente, naquele tempo, Heloísa Helena saiu pela tangente e pôs o PSOL num rumo difícil.
Creio, agora, que há espaço para a aproximação política PSOL ao governo, a participação crítica deles pode ser um excelente fiel da balança trazendo o PT para sua origem socialista.
   |||||||||||||||||||

Concordo com a análise da derrocada do psol, mas isto não significa que a "extrema-esquerda" fracassou. Não há, de fato, uma identificação automática do Psol com o que podemos chamar de esquerda ao extremo, primeiro porque, como bem disse o autor, falta ao partido uma análise da realidade da sociedade brasileira %u214 de suas fissuras, contradições e adesões parciais. Afinal, somos neoliberais, mas nem tanto; bolivarianos, pero no mucho, populistas e pragmáticos, porém ate certo ponto, alguns esquerdistas, mas de um jeito brasileiro. 
Em segundo lugar, uma esquerda extremista não se prestaria e endossar o aparato político oficial do capitalismo; o próprio fato do psol ser um partido oficial o desqualifica como extrema esquerda. Se o fosse, estaria pregando e articulando uma revolução, saindo da academia para a rua, para o campo, para trincheiras. Falta isto para uma extrema esquerda.

Talvez não haja, exatamente, uma extrema esquerda no Brasil %u214 talvez não seja possível no momento histórico %u214, porque aqui as condições da conjuntura política conseguiu reservar um espaço para o "pensamento de esquerda" sem, no entanto, haver lugares, ou momentum, ou oportunidade para a "prática da esquerda". Aliás, se levarmos em conta o aspecto revolucionário de uma extrema esquerda, talvez possamos dizer que os arautos de seu fracasso tenham sido os militares entre 1964 e 1986.
O psol, ao mesmo tempo em que possui quadros brilhantes, está tomado por pessoas não tão aptas à reflexão como a esquerda merece.
As vozes da esquerda que poderiam se extremizar, se houvesse um contexto, estão diluídas no que Karel Kosic bem revelou: no mundo da pseudoconcreticidade, na prática diária de sobrevivência de todos os dias. E, face ao fato de que vivemos uma escalada da extrema direita, esta financiada com felicidade pelos institutos do capital (aqui, nos EUA, na Europa, no mundo Islâmico), não demorará para que nos encontremos (novamente) fazendo exatamente isto, lutando para sobreviver.
   |||||||||||||||||||

Prezado Emir, primeiro eu gostaria de comunicar um erro ortográfico nesta página: "Insira o seu Coméntario" está com acentuação fora de lugar. 
-Eu entendo que o PSOL é outro partido e criticá-lo não significa que estejamos defendendo o PT. Penso que seria muito importante para o sucesso da esquerda no Brasil, que o PSOL pudesse se fortalecer como uma alternativa à esquerda, inclusive conquistando mais e mais militantes hoje descontentes com o PT. Creio que a crítica do Emir está meio fora de contexto pois, pelo menos para mim, hoje o PSOL caminha no sentido de corrigir certas distorções do passado. Hoje eu não o vejo mais na mesma posição de dois anos atrás e penso que isto é muito bom. É claro que como qualquer outro partido, suas ações são determinadas pelas cabeças dirigentes e eu ainda vejo algumas cabeças apegadas a um certo sectarismo, tavez até como uma forma de se manter como dirigentes no partido. Posso estar errado mas eu acho que a situação política no Brasil caminha para uma grande reorganização partidária no campo da esquerda, onde o PSOL poderá jogar fundamental importância. Já se disse muitas vezes a necessidade de se refundar o PT. Esqueçam isto. Certas estruturas, quando se esclerosam não aceitam mais mudanças. O PT só vai mudar quando uma força de esquerda poderosa colocar em risco o seu poder político, coisa que o PT ainda tem de sobra. Meu lema é; se queres mudar o PT, fortaleça outra opção de esquerda.
   |||||||||||||||||||

interessante é analisar o caso do rio de janeiro, particularmente a capital, onde o pt definha e psol cresce a cada eleição. e, para isso, devemos retornar no mínimo a 1994, quando a direção nacional cassou a candidatura de vladimir palmeira e acabou com a possibilidade do pt se tornar governo no estado.
|||||||||||||||||||

A extrema esquerda está totalmente equivocada pois tem a obrigação de apoiar o PT para inclusive tentar influenciar algumas decisões do governo, apresentando sugestões e não fazer o jogo sujo da direita, seja pela omissão ou pelo ataque descabido aos governos do PT. Basta ver o que nos estava reservado se o playbloyzinho ganhasse...
|||||||||||||||||||

Realmente uma porcaria a nossa extrema-esquerda, extremamente louca. Mas estão certo quanto à traição.
|||||||||||||||||||

Se eu estiver enganda por favor me corrija. Mas não me consta que Heloisa Helena tenha sido trotsquista ou Plinio de Arruda Sampaio ou tantos outros membros do PSOL. Seja a tendência morenista argentina ou não. Me parece, pelo contrário, que correntes com antigas origens trotsquistas estão até hoje no PT.
|||||||||||||||||||

CHEGA DE PRAGMATISMO DILMAAAA!!
É hora da esquerda se reunir,dos intelectuais expandirem seus conhecimentos teóricos dos muros das universidades,da prática vir a tona,de repensar,como repensaram no final de 90 e começo de 2000,de novas caras aparecerem,caras novas de gente nova,de chamar o militante para reunião,de integrar os comunas do PSOL com os militas do PT,e assim com o PC e o PSTU,da esquerda que não faz parte da base aliada se aliar,de quebrar o poder pelo poder,mesmo que perca maioria no congresso,que perca o PMDB,mas que se tornem unidos,enxutos e fortes,que limpem a imagem do PT,limpem a imagem do setor público,do Estado e principalmente da política,pois o que querem é o brasileiro longe da politica,longe do debate,longe das manifestações,vocês devem trazer o povo para perto,pq sabem que com ele estão ai há 12 anos,se dependessem da mídia estariam perdidos!
|||||||||||||||||||

Concordo com o texto. Mas observei nessas últimas eleições, com a candidata Luciana Genro, outro tom do PSOL mais voltado para a defesa das políticas de esquerda do governo, reconhecendo os avanços e propondo melhorias. Na minha opinião, a melhor candidata e a melhor proposta, e, indubitavelmente, a melhor postura.
|||||||||||||||||||

Segundo equívoco dos "esquerdistas": Acham que política basta querer, logo, se um governo, especialmente o do PT, não fez, logo é porque não quiseram, porque são traidores, ou seja, são esponteneístas. Claro que ajudam bastante a direita com essa simplificação, pois eles não estão preocupados com a "traiçao" da direita, apenas do PT.
|||||||||||||||||||

O que o governo fez para melhorar a TV Brasil nesses 12 anos? Tirando seus comentários de 60 segundos no telejornal e mais uns 2 ou 3 programas razoáveis, onde estão os debates políticos nessa TV? Porque não há quase programas inteligentes e criativos com pessoas discutindo questões políticas sociais e culturais polêmicas como o aborto, as drogas, a reforma política, a regulação da mídia, etc? É por essas e outras que a militância do PT é cada vez menor, já quase inexistente, restrita talvez a pessoas que recebem salário.
|||||||||||||||||||

Quer dizer que agora o PT é isento de críticas até mesmo pela própria esquerda?! Cuidado para o PT não cair (ou será que já não caiu?!) na armadilha de se perpetuar no poder a todo custo a ponto de se tornar acima do bem e do mal. 
A crítica, sim, deve existir a um governo (e a um partido) que abandonou as bandeiras de esquerda e hoje é um estranho "ornitorrinco" sem qualquer identificação ideológica.
P.S: Ah, só um toque: o mensalão existiu, sim, e foi algo muito grave. Infelizmente, o PT erra. E feio.
|||||||||||||||||||

Eu concordo com esse raciocínio que, sem comida e educação é difícil pensar em política e arte. Ou seja, sem a garantia de acesso aos direitos básicos de cidadania não tem gente nos comícios para ouvir blá,blá de radicalismo. Mas, o PT precisa avançar a sua plataforma política; sair da zona de conforto e empurrar o governo a fazer mais e mais. Isso implica em movimento social e comprometido om as mudanças. O que não dá mais é ficar quase pendurado na brocha como ocorreu nas últimas eleições. Então precisa de uma dose prática de radicalismo para avançar para além da onda neoliberal. Sou de opinião que o governo popular-democrático só avança com movimento social orgânico, comprometido e propositivo e crítico. É preciso de ventos inovadores do tipo PODEMOS e Syriza. Acredito na militância voluntária. Melhor, desapegada dos formatos burocráticos, de cima e da chamada "militância" terceirizada, "cabos eleitorais" e quetais. Ou o PT se inova e renova ou, quiça, poderá virar um grande partido (PMDB) de disputa eleitorais. Nunca poderá se afastar de suas origens, do movimento popular e sindical combativo, com garra e coragem para fazer as grandes mudanças estruturais.
|||||||||||||||||||

A dita extrema esquerda, leia-se psol, caiu na tentacao eleitoreira, ou seja, nao quer perder os votos da classe media (reacionaria, ignorante e violenta). Sabem que os holofotes da midia-empresa serao bem generosos caso se proponham a reproduzir as "denuncias" da direita. Contentam-se em ser nanicos. Sua bancada será como um senóide, algumas eleicoes, nenhum, outras 2 ou 3. Além de tudo, é um partido urbano e do eixo Rio-SP, mais RJ que SP.

Nenhum comentário: