segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Fujimori é condenado por 


comprar a mídia peruana


Miguel do Rosário       
fujimori-fhc
FHC,  'bem amado' da mídia daqui, aplaudindo Fugimori, comprador da mídia do Peru
Olha que caso interessante.
A notícia que nos chega do Peru revela claramente que a briga entre governantes e mídia, na América Latina, vai além de uma simples luta ideológica entre “bolivarianismo” e “imprensa livre”.
A tal imprensa livre acostumou-se, ao longo das últimas décadas, a vender seu apoio aos governos.
Quer dizer, primeiro apoiou toda espécie de ditadura. Em seguida, aliou-se promiscuamente ao neoliberalismo corrupto e antipopular que dominou o continente a partir da década de 90.
Com o advento de governos populares, a mamata acabou.
Daí o ódio ideológico se soma ao desespero por dinheiro.
Condenado por “corromper” jornais
Por Altamiro Borges, em seu blog.
Não ocorreu no Brasil nem se refere ao ex-presidente FHC, ao cambaleante Aécio Neves ou a outros direitistas que sempre mantiveram relações promíscuas com os donos da mídia. O fato aconteceu no Peru na semana passada. A Justiça do país vizinho condenou o ex-presidente Alberto Fujimori a mais oito anos de prisão pelo desvio de dinheiro público para a “compra” de jornais que deram apoio à sua candidatura no ano 2000. Além de bajularem o neoliberal peruano, estes veículos fizeram campanhas sujas contra os seus rivais políticos. O golpe não deu resultado e Fujimori perdeu as eleições, após ter vencido três pleitos seguidos. Na sequência,  foi acusado de inúmeros escândalos de corrupção e de cruéis atentados aos direitos humanos – e segue preso até hoje.
Segundo a agência de notícias EFE, Fujimori ordenou o desvio de 122 milhões de sóis (cerca de US$ 40 milhões) para a compra da linha editorial de jornais sensacionalistas, conhecidos como “chichas”. Ele foi condenado pelo crime de peculato doloso, foi multado em US$ 1 milhão e não poderá exercer cargos públicos por mais três anos. A sentença, a quinta contra o direitista desde a sua extradição do Chile, em 2007, deverá ser cumprida a partir de 2021. Aos 76 anos de idade, Fujimori está na cadeia desde 2009. Ele foi condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade nos massacres de camponeses de Bairros Altos e La Cantuta. Ele também coleciona três penas por corrupção.
No Brasil, a mídia privada também manteve relações promíscuas com os neoliberais da plantão – que seguiam a mesma cartilha de Alberto Fujimori. Não se sabe, ainda, se isto ocorreu por dinheiro, numa corrupção direta, ou por razões políticas e ideológicas. A chamada grande imprensa deu total apoio ao processo de privatização das estatais imposto por FHC. Quase nada foi denunciado sobre o desvio de grana da “privataria” – inclusive com o desvio de recursos públicos para contas secretas em paraísos fiscais no exterior. Até o processo de reeleição de FHC, similar ao ocorrido no Peru, foi abafado pela mídia. A Folha tucana até denunciou a compra de votos, mas logo arquivou o escândalo.
Durante o reinado tucano, a mídia privada sempre foi subserviente e dócil. Tudo foi feito para blindar a vida “bastarda” de FHC e para satanizar as forças oposicionistas. “Calunistas” de aluguel atacaram os sindicatos, o MST e o movimento estudantil. A aliança do PSDB com o DEM – reunindo políticos mais sujos do que pau de galinheiro – sempre foi poupada. Nada de cruzadas moralistas pela ética e contra a corrupção. Na fase mais recente, o cambaleante Aécio Neves, esperança dos barões da mídia, também foi protegido. Nada sobre o “choque de indigestão” em Minas Gerais, sobre o “aecioporto”, sobre a sua nota zero no Senado ou sobre a badalada carreira do senador mineiro-carioca.
Fica a 'suspeita': será que os tucanos também “compraram” alguns jornais e emissoras de rádio e TV?
PS do TIJOLAÇO: Leia também a matéria abaixo, sobre o apoio da mídia peruana à filha de Fujimori, candidata nas últimas eleições presidenciais do Peru.

Grupos de mídia peruanos tomam partido por Keiko Fujimori em segundo turno de eleições presidenciais, diz estudo


Knight Center
estudo constatou que o olhar da mídia se concentrou no ex-militar Humala, não necessariamente para ressaltar sua candidatura, mas para atacá-lo. Nesse contexto, como aponta artigos da IPS e da Antiprensa, o grupo empresarial jornalístico El Comercio, o mais importante do país, editor do jornal com o mesmo nome, e o tabloide Perú.21, foram acusados de apoiar Fujimori em razão dos permanentes ataques contra Humala e da falta de pluralidade em seus noticiários.
Para o jornalista Gustavo Gorriti, diretor do projeto de investigação IDL-Reporteros, a posição do El Comercio tem a ver com a presença da diretora Martha Meier no jornal, candidata ao parlamento em 2000 pelo partido de Fujimori.
Em meio a um empate técnico entre os candidatos, vive-se no Peru um clima pré-eleitoral de agressões e censura contra jornalistas. Vários deles foram demitidos ou tiveram que renunciar por não se alinharem com o fujimorismo.
O caricaturista Miguel Det renunciou ao tablóide Perú 21 com uma carta dirigida ao diretor em que diz que se sente repugnado ao ver como o veículo não hesita “em sacrificar a verdade e aposta por deixar mais uma vez o país aos pés de ladrões e criminosos conhecidos.”
Em reação à cobertura tendenciosa, o escritor peruano e Prêmio Nobel Mario Vargas Llosa se ofereceu gratuitamente para dirigir um programa na América Televisión, emissora mais popular do Peru e cujo maior acionista é o Grupo El Comercio. A proposta pretendia ser uma alternativa ao popular programa do jornalista Jaime Bayly, que só ataca Humala, mas a rede rejeitou a proposta, informa a EFE.

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