Alckmin admite
que Sabesp
não dá conta da crise e pede
socorro à iniciativa privada
Jornal GGN - Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (30) não abre espaço para outra interpretação: o governador Geraldo Alckmin (PSDB) reconheceu que a Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado) não dá conta da crise hídrica provocada pelo colapso dos sistemas Cantareira e Alto Tietê e recorreu à iniciativa privada.
"O governo Geraldo Alckmin decidiu convocar empresas especializadas em recursos hídricos para apresentar propostas de curtíssimo prazo para a maior crise de abastecimento já vivida pela Grande São Paulo. Em reunião esperada para a próxima semana, a administração paulista espera que a iniciativa privada ofereça serviços e tecnologia que aumentem já neste ano a capacidade da Sabesp para tratamento de água dos reservatórios, entre eles o da Billings", publicou o jornal dos Frias.
Uma outra passagem do texto chama atenção e desperta dúvidas sobre as prioridades da Sabesp nos últimos anos. Segundo cravou a Folha, "empresários têm ouvido o seguinte recado: não faltará dinheiro para projetos com soluções imediatas, como de tratamento de água e de ligações entre represas." Se não falta dinheiro para os projetos necessários à potencialização da Billings como alternativa aos outros dois grandes mananciais, o que faltou então?
Reportagem do GGN - de maio de 2014, quando Alckmin falou pela primeira vez sobre usar a Billings para abastecer uma franja maior de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo - mostrou que a represa artificial sempre foi deixada à margem pela gestão estadual, embora especialistas venham apontando seu potencial como produtora de água há anos (leia mais aqui).
Hoje, a Billings tem capacidade de produção de água limitada à estrutura atual, que já dá conta da parcela de água relativamente limpa na bacia. A outra parcela, corrompida por esgoto e outros detritos, precisa de investimentos para ser tratada. Se o governo do Estado tivesse construído mais estações de tratamento nos últimos anos, ou pensado em formas de transferir águas desse manancial para outras bacias, haveria necessidade de planos emergenciais?
Especialistas ouvidos pelo GGN também questionaram a lógica financeira da Sabesp, que parece ter priorizado muito mais os investimentos na ampliação da rede de distribuição de água (afinal, vender água é o que rende lucros à companhia que vende ações na Bovespa e em Nova York) do que na despoluição de rios e tratamento de esgoto (mais aqui).
Enquanto isso, a população da Grande São Paulo se prepara para enfrentar o que um diretor da Sabesp classificou como "racionamento drástico", de cinco dias sem água por semana.
A edição desta sexta-feira da Folha também reportou a história do advogado Marco Antônio Silva, morador da Vila Medeiros (zona norte). Ele ganhou na Justiça o direito ao fornecimento ininterrupto de água em sua residência. Se a Sabesp descumprir a ordem, paga multa diária de R$ 200. Para entrar com a ação, o advogado argumentou que "não poderia sofrer cortes sem aviso enquanto a Sabesp não decretasse oficialmente um racionamento".
Desde o início de 2014 a companhia estuda um modelo de racionamento de água para a grande São Paulo. Mas em ano eleitoral, outras soluções foram adotadas no lugar do corte sistemático de água. Claro, sob a justificativa de que racionamento seria um desafio às estruturas da Sabesp, além de ser possivelmente prejudicial à saúde dos consumidores (leia mais aqui).
A mesma Folha de S. Paulo publicou esta semana que o racionamento deve sair do papel em dois meses.
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