sábado, 18 de outubro de 2014


Os promotores públicos também


são mentirosos, Aécio?              

                 
  Fernando Brito                          

12porcento
Aécio Neves, por duas vezes, disse nos debates de televisão que Dilma Rousseff era “mentirosa” por afirmar que o Estado de Minas Gerais não investia em saúde o mínimo constitucional, de 12%, entre 2003 e 2008.
Não é mentira.
Primeiro, o provaram os relatórios do próprio Tribunal de Contas – presidido pela mulher de um apoiador do tucano, Clésio Andrade, ex-vice de Aécio-governador, que a instituição tentou fazer sumir da internet por algumas horas, o que se revelou inútil.
Há uma ação pública sobre isso, estranhamente paralisada pela alegação formal de que, como se trata de um Governador de Estado, a denúncia não poderia ser apresentada senão pelo procurador-geral. Que o seja, então, não é?
Agora, noticia (aqui) a insuspeita Folha/SP, outra promotora,  Josely Ramos, responsável pela área da saúde no MP mineiro,  aciona o Estado pela mesma razão e em outro período, o de 2009.
O Estado, embora já houvesse normal para que não o fizesse, atinge o mínimo apenas porque inclui como investimentos os gastos efetuados pela Cia de Saneamento de Minas, a Copasa.
A promotora não discute que saneamento é benéfico à saúde pública.
Mas informa, singelamente, que estes gastos não foram do Tesouro do Estado, mas financiados pelas contas d´água, por dinheiro federal (BNDES e FGTS), e da venda de ações da empresa, que é uma Sociedade Anônima.
Ou seja, com dinheiro de fora do Orçamento que deve servir de base ao cálculo dos 12%, até porque, salvo pela simbólica dotação de mil reais, o Estado de Minas não destina recursos do Tesouro para a empresa.
Feitas as contas, Minas investiu em Saúde, no ano de 2009, 7,84% de seu Orçamento em Saúde, quando a Constituição Federal.  O índice, portanto, fica abaixo de dois terços do que seria obrigatório.
Será que Aécio pode responder a isso com algum argumento que não seja “a senhora é mentirosa”?
Ou será que o senador vai dizer para a promotora, também, “a senhora é mentirosa”, virar as costas e seguir em frente, confiante na impunidade que sempre gozou na Justiça Mineira?

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