Nem tive pressa em comentar os resultados de ontem do Ibope e do Datafolha porque, a esta altura, tornou-se evidente que ambos dançam um balé de conveniência, minimizando os riscos desde a sua relutância em antecipar o que todos já sabiam: que Marina Silva tinha ficado muito para trás, se é que um dia esteve tão à frente quanto as pesquisas mostravam.
A razão disso é simples e perceptível a qualquer um: Marina tirava mais de Dilma do que de Aécio e o que dele tirava foi “devolvido” antecipadamente na votação de primeiro turno. Mas isso contribuía, como a própria Marina, viu-se, para a criação de um clima antigoverno que todo o partido da mídia construía.
O que era natural na primeira pesquisa – como eu registrei aqui,chamando de ”semana Aécio” a que se seguiu ao primeiro turno, com a surpresa e os apoios que o tucano amealhou, agora já fica “perigosamente” artificial para a máquina de propaganda que precisa manter-se minimamente crível.
Agora, depois de terem criado o clima de “derrota antecipada” que marcou, para Dilma, o pós-eleição, os institutos se preparam para regressar, tão tarde quanto possível, ao terreno da realidade.
Aécio na frente, mas de um jeito que pode ficar para trás, “sem traumas” de credibilidade.
O Datafolha se vacina: “potencial de Dilma é maior entre os indecisos”, “cresce a rejeição de Aécio”, “cresce aprovação do governo”, etc…
O Ibope segue o mesmo caminho, como registra o Estadão: “A única novidade revelada pela pesquisa foi a melhora da avaliação do governo. A parcela da população que o considera ótimo ou bom subiu de 39% para 43%. A taxa de regular oscilou de 33% para 31%, e a de ruim ou péssimo, de 27% para 25%.O desempenho pessoal de Dilma na Presidência da República recebeu aprovação de 54% dos entrevistados – cinco pontos porcentuais a mais do que na semana anterior. Já os que desaprovam a presidente passaram de 44% para 40%.”
Como na dança, também nossas pesquisas seguem o rito da insinuação real e da negativa formal.
Curioso é, também, como a falta de propostas leva os candidatos vazios à tática do “coitadismo”.
Antes Marina, agora Aécio, partem para o “olha como estão me batendo, coitado de mim”.
Na verdade, quando começam a ser criticados, sua defesa não é enfrentar os fatos, mas dizer que são agressões.
Até porque, se não for sua adversária, não será a mídia que exporá.
A campanha eleitoral não será para Aécio como seu emprego juvenil na Câmara dos Deputados (e ainda falta aparecer o do Cade, antes dele).
Nela, ele vai ter de aparecer.
E pode ser visto como é, apesar de o fanatismo conservador escondê-lo tanto quanto possível.
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