quinta-feira, 2 de julho de 2015

Votos ‘viram’ em 14 horas. ‘Milagres
do mal’ de Eduardo Cunham condenam
a Câmara


Fernando Brito - 2 de julho de 2015 | 01:33 
derrota
Embora ainda falte muito para que se consume a redução da maioridade penal (nova votação na Câmara, duas no Senado e o Supremo) já existe uma sentença definitiva sobre a Câmara dos Deputados, com o resultado da votação desta madrugada.
Foi revogada, definitivamente, qualquer esperança de que haja ali qualquer resquício de retidão moral que ali se pudesse esperar.
Não apenas por parte de seu conhecido presidente, de quem não se espera nada, senão o pior, mas de sua maioria.
Dos que aceitaram – pela segunda vez, pois a primeira foi no financiamento empresarial das campanhas eleitorais – o golpismo contra a Constituição representado por uma segunda votação de proposta idêntica de Emenda Constitucional (proibida pelo 5º parágrafo do Artigo 60 da Carta), apenas maquiada para parecer ser nova decisão.
E do grupo de deputados que, em 24 horas, “viraram” seus votos por oportunismo, para não falar em chantagem ou vantagens.
Embora há muitas legislaturas estejamos acostumados a ver decair o nível – não apenas político, mas moral – do parlamento, remanescia um mínimo de decência corporativa.
Há, também, outro aspecto que não se pode ocultar: o de que o Governo não exercita minimamente seu poder de influenciar politicamente as decisões legislativas. Foi patético ver partidos inteiros da base votando com Eduardo Cunha e a maneira silenciosa ou gaguejante com que muitos, a começar do líder governista, José Guimarães, tomavam a defesa das posições que deveriam sustentar com altivez.
É certo que são necessárias alianças e concessões, mas isso é bem diferente de perder a personalidade e, pior, a identidade que nos faz reconhecidos com o significado de nossas ideias e nossos compromissos.
Está aberto o caminho para todo tipo de oportunismo e retrocesso legislativo, pela inação e fraqueza do Governo, que está à espera que reações de longo prazo lhe devolvam a força política da qual abdicou.
Longo prazo, como se sabe, é aquela época em que estaremos todos mortos.

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