A aceitação da proposta dos sócios, com exigências vergonhosas de revisão de toda a legislação aprovada desde fevereiro — exceto as medidas para aliviar a crise humanitária —, foi vivida nesta segunda-feira como uma bofetada de humilhação, ou como uma cruel aterrissagem na realidade, não só no Executivo, mas, acima de tudo, dentro do Syriza. Sua ala esquerda vai rechaçar no Parlamento os projetos de lei que Bruxelas exige que sejam aprovados antes de quinta-feira para começar a negociar o resgate europeu; outros grupos menores estão exigindo uma nova direção no partido e ameaçam formar outro. A ruptura no Syriza é algo possível.
A reportagem é de María Antonia Sánchez-Vallejo, publicada por El País, 14-07-2015.
Na manhã dessta terça-feira também se reuniu o grupo parlamentar do Syriza sob o comando de Tsipras. Mais de trinta dos seus deputados poderão votar contra o Governo.
Nas próximas horas, Tsipras também deve decidir sobre o futuro da presidenta do Parlamento, Zoi Konstandopulu, que no sábado se absteve na votação sobre a proposta grega enviada a Bruxelas (no total, os deputados dissidentes do Syriza foram 17, o que fez com que perdesse a maioria parlamentar), já que não parece disposta a renunciar voluntariamente. “Os deputados [do Syriza] assinaram todos um código de conduta pelo qual são obrigados a renunciar e devolver seus cargos se quebrarem a disciplina de voto”, lembra Elias Nikolakopoulos, professor da Universidade de Atenas; “no entanto, não sabemos se farão isso nessas circunstâncias especiais”.
Stavros Theodorakis, líder do liberal To Potami, está há semanas defendendo a formação de um governo deste tipo, embora não pense em participar dele, só quer propor ao primeiro-ministro uma lista de nomes para integrá-lo. O socialista PASOK e o conservador Nova Democracia também defenderam a conveniência de um Executivo de colaboração, do qual não rejeitam serem parte.
Essa opção foi citada na manhã desta segunda-feira por um dos homens mais próximos a Tsipras, o ministro do Trabalho, Panos Skurletis, que, ecoando os sentimentos da maioria do Syriza, disse que se trataria de um Gabinete provisório, para realizar as ações prioritárias exigidas por Bruxelas —a segunda rodada de medidas deve ser votada antes de 22 de julho—, e depois de alguns meses, realizar eleições. A oposição e os credores, no entanto, preferem um Governo de maior duração.
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