Um depoimento sobre Graça Foster que a imprensa
não vai publicar
Paulo Nogueira
Você se informa melhor nas redes sociais no que na grande mídia em muitos assuntos.
Este é um fato da Era Digital.
Tente achar na Folha, na Globo ou onde for um perfil que ajude você a conhecer melhor a personagem que está no centro dos holofotes: Graça Foster, presidente da Petrobras. Nada.
Gosto de citar uma das missões mais nobres do jornalismo: jogar luzes onde há sombras. Mas as grandes empresas jornalísticas, movidas por seus interesses políticos e sobretudo econômicos, fazem rotineiramente o oposto: acrescentam sombras onde já as há.
Para conhecer melhor Graça Foster encontrei, ao pesquisar a Petrobras no Twitter, uma “conversa” entre Leilane Neubarth, da Globonews, e a jornalista Renata Victal.
Renata trabalhou na Petrobras três anos e meio, e conta que conheceu Graça há mais de vinte, “quando nem gerente era”.
A conversa se iniciou quando Leilane anunciou, no Twitter, que ia entrevistar Venina Velosa da Fonseca, “uma brasileira digna de respeito, que nos enche de orgulho”.
Renata cumprimentou Leilane. “Parabéns pelo trabalho, Leilane. A Petrobras deve explicações”, escreveu Renata.
Repare: ela estava cumprimentando Leilane.
Um tuiteiro chamado Oldon Machado entrou na conversa. “Não seria o caso de aprofundar o trabalho investigativo do Valor antes de comprar “heróis”? Calma, imprensa.”
Este tuite deveria estar pendurado em toda redação. O senador Demóstenes não teria sido tratado como herói se o conselho despretensioso de Oldon Machado fosse seguido.
Renata achou que devia explicações, embora a observação fosse a Leilane. “Não compro herói, nem acho que a Graça tem culpa. Muito pelo contrário. A conheço bem e sei que é honesta.”
Terminado o espaço de 140 caracteres, ela continuou: “Apenas acho que a denunciante também tem seu valor e coragem. Quem trabalha ou já trabalhou na Petrobras sabe …”
Renata, veja, reconheceu o “valor e a coragem” de Venina. “Como cidadãos, temos de cobrar a apuração dos fatos.”
Isto mostra um pensamento independente, dentro das atuais circunstâncias, e dá mais valor a seu depoimento.
Vou destacar algumas frases:
- “Trabalhei com a Graça três anos, mas a conheço há uns vinte. Mais honesta não há.”
- “Tenho certeza de que estas notícias estão aí, em parte, pelo trabalho da Graça, mulher íntegra e honesta.”
- “Quem conhece confia. Eu seria a primeira pessoa a criticar se soubesse de algo. Não tô ganhando nada para defender ninguém.”
- “Desde que assumiu, Graça Foster tem feito tudo para tirar a empresa do buraco e tapar o ralo por onde escoa o nosso dinheiro.”
- “Aliás, não entendo por que tamanho silêncio. Ela tem como provar que está tapando esses ralos.”
- “Nunca conheci pessoa que trabalhe mais e melhor que a Graça. Ela é determinada, tem o pensamento ágil e é honesta. Tem também bom coração.”
- “Dei minha opinião sobre o caso Graça Foster-Petrobras porque não consegui ficar calada diante das coisas que tenho lido.”
É o chamado “outro lado”. Mas quem, na mídia, quer ouvir depoimentos como o de Renata Victal?
Quem conhece as redações de hoje sabe. Se um repórter chega aos editores com uma entrevista com alguém que diga coisas parecidas com o depoimento espontâneo e acidental de Renata Victal, corre um risco sério de ser despedido. A pontapés.
Nenhum comentário:
Postar um comentário