quarta-feira, 20 de maio de 2015

A única coisa que se salvou no programa do PSDB foi a ausência de Serra               

Paulo Nogueira                 

Fanfarrão
Fanfarrão
Eu não estava esperando nada do programa(AQUI) de tevê do PSDB, mas…
Bem, mas mesmo assim ele conseguiu ser pior do que minhas mais baixas expectativas.
A única coisa decente foi a ausência de Serra.
O problema maior está na essência da mensagem.
As pessoas são instadas a achar que a maior tragédia nacional é a corrupção, e não a desigualdade.
E especificamente a corrupção depois dos anos FHC.
A partir dessa base cínica, errada e demagógica não há conteúdo que resista.
E então fomos obrigados a ver FHC dar lição de moral, ele que comprou a emenda da reeleição.
Ao agir assim, FHC trata o brasileiro como um idiota.
Onde está o sociólogo? Desapareceu para dar lugar ao demagogo?
Compare.
Poucas semanas atrás, o sociólogo italiano Domenico de Mais traçou um retrato do Brasil que faz FHC parecer um aprendiz desorientado.
Com propriedade, Domenico disse que o mal maior do Brasil é a desigualdade social. A corrupção – que deve ser combatida, e está sendo, aliás – é uma migalha comparada à iniquidade.
Acabe com a corrupção. Se você não acabar também com a desigualdade, nada vai mudar. Continuaremos a ter os extremos de opulência e miséria tão condenados por Rousseau.
Acabe com a desigualdade. O resto vem, e rápido. Sociedades igualitárias são muito menos corruptas que as demais, como bem mostra a Escandinávia(do AMgóes: Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia, além da vizinha nórdica Dinamarca).
E mesmo assim você não encontra um líder tucano que não fale em corrupção.
Até nisso o PSDB deveria se atualizar. Os tucanos usam, sem sucesso, a mesma arma desonesta que a direita empregou nos anos 1950 e 1960 para derrubar Getúlio e Jango.
Lacerda falava no “mar de lama”, e até essa expressão foi copiada por Aécio em sua fracassada campanha.
É uma estratégia velha – e despudorada.
Todos sabem que o presidente do PSDB anterior a Aécio recebeu 10 milhões de reais para não levar adiante uma CPI da Petrobras.
Todos sabem também do aeroporto privativo que Aécio mandou construir em Cláudio, em terras da família.
E mesmo assim os tucanos falam malandramente em corrupção como se fossem irmãs carmelitas.
Só quem leva a sério é aquele público que foi acertadamente caracterizado como “midiotas” – os analfabetos políticos que, sob o estímulo imbecilizador da imprensa, gostam de bater panelas e se enrolar em bandeiras para protestar na Avenida Paulista.
Fica a impressão de que FHC não tem ideia do mal que faz à imagem que o futuro guardará dele como político e intelectual ao falar tanto em corrupção.
Como presidente, ainda será julgado pela posteridade. A estabilização foi uma vitória, mas um olhar mais profundo sobre o programa de privatizações à Thatcher pode ser fatal para sua reputação póstuma.
Como sociólogo, dada sua monomania – a corrupção –, FHC já foi para a lata do lixo faz muito tempo.

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