Michel Temer, é obvio, não é santo do meu altar.
Mas, no ecumenismo da frente que sustenta (ou devia sustentar) o Governo Dilma – como sustentou o de Lula – está longe de ser o maior pecador, ainda mais concorrendo com figuras como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Foi um ato acertadíssimo – até tardio – a entrega a ele da tarefa de articulação com o Congresso, com a tal Secretaria de Relações institucionais.
Se o PMDB é o maior partido da base aliada, se é o maior partido da Câmara e do Senado e se é de lá que vêm os maiores problemas e contestações, com Cunha e Renan, nada mais coerente que entregar ao presidente do partido – e vice da República – a tarefa de fazer aprovar o que é de interesse do Governo e tentar rejeitar – ou adiar – o que não é.
Evidente que Temer não irá articular no Congresso propostas da esquerda, como a regulamentação da mídia. Mas, convenhamos, na atual conjuntura de forças, encaminhar propostas com este poder explosivo está muito, muito além de um Governo que, quando teve forças para fazê-lo, não o fez.
As concessões ao PMDB – é claro que Temer as exigirá- passam a ser feitas antes da propositura dos projetos, não essencialmente depois. Como Cunha e Renan têm feito sem que o Governo possa senão ceder a elas.
Embora, matreiro, Temer não vá abrir fogo contra os dois, é obvio que as funções criam nele um novo pólo de aglutinação dos peemedebistas, até porque é ele quem detém o comando formal da máquina partidária.
O sorriso dele, de orelha a orelha, na reunião hoje com os líderes partidários, transpira o seu gosto pela solução.
E, com a crise com o PMDB, aquela teoria de que 'vice' desocupado só conspira fica ainda mais verdadeira.
Tenho para mim que a história em torno de Eliseu Padilha foi uma fórmula para Temer surgir como “solução” e não como “ambição”
Fazer política com ideologia e com idealismo não exime quem a faz de ser pragmático.
Até que enfim o Governo Dilma se dispõe à política convencional.
Quem não a faz é devorado por ela, não é mesmo, Lula?
Nenhum comentário:
Postar um comentário