segunda-feira, 27 de abril de 2015


O  estado policial  não  é  uma


paranoia.  Ele ameaça arrombar


as portas da democracia        


Fernando Brito                                
1984
Há dias, escrevi AQUI como a mídia e sua histeria, servindo-se dos promotores e de sua ânsia justiceira, abria caminho para que estivesse saindo das sombras o desejo de implantar-se no Brasil um estado policial.
Não uma polícia do Estado, como historicamente viu-se tantas vezes hipertrofiar-se nas ditaduras de todo o tipo.
Mas o Estado da Polícia, onde uma corporação “acima de qualquer suspeita” torna-se, virtualmente, “dona” do direito de bisbilhotar – diz ela que só com ordem judicial – tudo sobre a vida de um cidadão e, por extensão, de todos os que têm com ele qualquer contato.
É o que revela a matéria – infelizmente acrítica – da Folha/SP de hoje, que dá conta de que a Polícia Federal quer (ou quer legalizar) o direito de inserir programas em celulares para “chupar” contatos, mensagens, senhas de aparelhos sobre os quais esteja realizando vigilância.
E mais:
“Com os novos programas de espionagem que a PF quer usar, o celular grampeado poderia até mesmo fotografar o usuário, com a câmera interna frontal do aparelho, sem disparar nenhum som, e enviar a imagem às autoridades.
Ninguém hoje duvida de que há um sistema completo de arapongagem montado no aparelho policial.
E não são poucos os que afirmam que interceptações clandestinas forneçam as informações que, em seguida, vão “esquentar” a espionagem, com a apresentação do que se apurou a juízes que, diante dos fatos “levantados” irá, claro, autorizar a escuta.
E daí, por conseguinte, a espionagem de qualquer um que esteja no “caderno eletrônico” de telefones do celular do gajo.
Ou alguém vai ficar 24 horas por dia controlando quem a polícia  “grampeia”?  Ou será que, a esta altura alguém acredita que as operadoras de telefonia, elas próprias grampeadas nos seus escalões financeiros, vão “barrar” os sistemas policiais?
O pior é que isso se noticia sob o silêncio, quando não sob o aplauso, dos “homens da moralidade”.
Os “democratas” e os operadores do Direito brasileiro estão todos acoelhados diante do poder policial, que vai se impondo e chega, agora, ao impensável.
Em nome de “combater a corrupção”, vai-se entregar um país de mais de 200 milhões de habitantes e de uma economia que é a a sétima do mundo ao controle de meganhas?

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