sábado, 18 de abril de 2015


Acanhado,   o   PT   continua    sem   exercer plenamente o mando que  a  Constituição lhe outorga  há  quatro eleições   consecutivas

André Araújo  Luis Nassif Online imagem de Cesário
                   
A crise institucional inédita porque passa o País abriu clareiras para que corporações NÃO ELEITAS, apenas qualificadas para o serviço público, assumissem grandes fatias de Poder.
Cumpriu-se assim o mandamento de ciência política que diz que o Poder não admite vácuos.
O vácuo se deu pela presença do PT por 12 anos no comando do Poder Executivo.
Enquanto os partidos tradicionais do Poder antigo traziam o 'know how', o berço, as raízes do conhecimento das alavancas, o "mando ancestral" de que falava Jorge Amado, o PT não tinha essa experiência acumulada. Assumiu um poder como quem entra pela porta de serviço, acanhado e respeitoso. Não soube fazer uma aliança vital com as Forças Armadas e talvez nem pudesse, seu DNA vinha de uma vertente anti-militar não doutrinária, porque nem sabiam por que eram, afinal, o PT nasceu durante o regime militar e sob a tolerância, para não dizer, bênçãos do General Golbery.
O desconhecimento antigo dos porões do Poder que dinastias políticas traziam desde Dom João VI fizeram falta ao PT. Por falta desse faro antigo, subestimou guarnições fundamentais, que hoje  se empenham em liquidar o Partido com gosto e fúria.
A Procuradoria Geral da Republica é instituição visceralmente dependente do Rei, o cargo vem do antigo Procurador do Rei, afinal o Procurador Geral não representa a si mesmo, ele representa o Monarca ou o Chefe de Estado, assim é em todo lugar. O Procurador Geral dos Estados Unidos representa o Presidente e não a si mesmo e os demais procuradores, lá nem corporação é, todos são nomeados pelo Presidente e não há concurso publico.
A Polícia é o braço armado do Governo, a ele obediente, a responsabilidade do comando da Policia é do Chefe de Estado através de seu Ministro da Justiça, assim é em todas as democracias, não há no planeta Policia independente do Poder, que se auto constitui em poder independente, a Policia, desde Napoleão, é por excelência a mão armada do Chefe de Estado a quem presta completa obediência, Fouché reverenciando Napoleão, que nele não confiava.
Nas indicações do Supremo, o PT jamais entendeu o jogo, nomeou a maioria dos Ministros e não tem sequer informação do que se passa no Supremo, lá não tem nenhuma influência. Nos EUA, por exemplo,  detentor de sólidas instituições democráticas, os juízes da Suprema Corte são escolhidos por identificação com um campo partidário, esperando-se dele fidelidade ao ideário do Partido que o indicou.
O PT entregou, assim, vastas fatias de poder de graça e entregou, no mínimo, a frios neutrais, para não dizer adversários.
Hoje, o PT é caçado a campo "chasse gardé", está em terreno para ser caçado sem maiores protocolos.
Parece uma sina de partidos de origem muito popular. Certos populismos não cometeram esses erros por causa de suas origens especiais. Peron era populista, mas também oficial do Exército, sabia mandar e controlar. Vargas era populista, mas oriundo da elite da República Velha, conhecia o "mando ancestral", não dava poder de graça.
Não se sabe o que Lula tinha na cabeça ao aceitar que procuradores se reunissem em torno de um "líder" e o indicassem pronto para a nomeação do Presidente, sem uma prova de fidelidade antecipada que se espera em um cargo de tal importância. Nos governos anteriores, o Procurador Geral era de estrita confiança do Presidente, com essa mesma Constituição. Nos EUA, um Presidente indicou seu próprio irmão como Procurador Geral. Não há uma razão lógica para incorrer riscos nessa área. Um grupo político escolher seu líder por aclamação é um modelo fascista.
Mussolini foi escolhido "Duce" por aclamação de seus camaradas. Não há método mais perigoso numa democracia.
O PT por desconhecimento ou descuido perdeu nacos enorme de poder que hoje apresentam sua conta, seu outrora grande líder, Jose Dirceu, ameaçado de vendettas infindáveis, seu Tesoureiro preso como reles marginal.
A Democracia é apenas um modelo menos ruim de poder, mas não é um modelo puro, nem nobre. Uma dose de autoritarismo é fundamental para manter o controle do Estado. De Gaulle compreendeu isso sempre, ao assumir o poder pela segunda vez em 1958, exigiu uma Republica autoritária, quase ditatorial, a 5ª Republica, com um presidencialismo muito mais forte do que nas demais nações europeias.
A reforma política no Brasil vai exigir um Estado forte, centralizado, sem ilhas de poder. Quem não detém a soberania por eleição ou revolução não pode mandar. Concurso público não é soberania, é apenas um método de escolher bons funcionários, 'do serviço público', sem prerrogativas de mando institucional, conferidas através do voto.
Ou o Estado se fortalece e governa o País por um poder central, ou o Brasil pode se esfacelar, algo que não aconteceu em nenhum momento a partir da Independência, porque os grandes vultos do Estado, Deodoro, Floriano, Hermes, Bernardes, Vargas, Juscelino, nunca brincaram com o Poder, não governaram com Supremos perigosos e jamais permitiriam a desenvoltura de adversários no Judiciário, Procuradorias ou, muito menos, na Polícia Federal.

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