segunda-feira, 22 de setembro de 2014


Reta Final: as apostas de



Dilma, Aécio e Marina    


Candidatos acertam discursos e estratégias, mirando debates finais


Tereza Cruvinel (*)            

Na reta final da campanha, atentos às definições de eleitores que ocorrem nesta fase, podendo provocar volatilidade de votos, os três principais candidatos revisam seus discursos, agendas e estratégias. O caminho será curto porém acidentado entre esta penúltima semana e os debates dos dias 28(TV Record) e dia 2/10(TV Globo).  Nesta fase a fuzilaria entre adversários tende a aumentar, surgem denúncias, acusações e notícias de caráter especulativo.


Vejamos o jogo de cada um neste período:
DILMA – Para desgosto dos adversários, a presidente terá um momento de grande exposição na quarta-feira, quando falará na abertura da Assembleia-Geral da ONU, como fazem anualmente os presidentes brasileiros ou seus representantes. Dilma sempre optou por comparecer pessoalmente e não faria diferente logo este ano. Vai faturar os avanços sociais do Brasil reconhecidos pela própria ONU, insistirá na importância de uma governança global da Internet para evitar violações da privacidade de cidadãos e autoridades e abordar a crise internacional, reiterando que ela e seus efeitos nefastos persistem, especialmente na Europa, porque boa parte dos governos não tomou as medidas necessárias para preservar o crescimento e o emprego, optando por receitas de austeridade que aprofundaram a contração das economias.
Em sua campanha, há grande satisfação com seu crescimento sustentado e continuado nas pesquisas, embora ele esteja ocorrendo de forma moderada e não aos saltos.  De volta ao Brasil, sua prioridade na reta final será a recuperação no Sudeste, especialmente em São Paulo, onde o apoio dos tucanos a Marina num eventual segundo turno entre as duas teria efeito não desprezível (apesar da rejeição da candidata ao governador Alckmin).
No discurso, Dilma continuará confrontando Marina Silva com suas próprias propostas, como fez nesta segunda-feira, na entrevista ao Bom Dia, Brasil (TV Globo), ao dizer que a independência do Banco Central seria a instituição de um quarto poder na República. Seus auxiliares avaliam que a capacidade de resistência da ex-senadora pode estar se esgotando, podendo dar lugar a uma perda de votos mais acentuada em favor de Aécio Neves embora, ressalvam, ninguém possa precisar o limite desta resistência.
MARINA – A estratégia de Marina Silva na reta final é forçosamente defensiva, tentando rebater as críticas de Dilma e Aécio para segurar os votos conquistados.    A campanha captou sinais de que a linha “vitimização” não agrada a parte de seu eleitorado, que preferia vê-la rebatendo os ataques com argumentos e propostas.   Ela agora fará uma cobrança intensa a Dilma e Aécio para que apresentem seus programas de governo, que até agora não foram postos no papel.  Propositalmente, ambos têm evitado divulgar estes documentos programáticos para evitar que propostas isoladas gerem pautas negativas e debates desgastantes, como ocorreu com Marina em relação a alguns temas, como o pré-sal e a independência do Banco Central.   Ela passará a dizer que a atitude dos dois representa “profundo descaso” para com os eleitores. Dilma, entretanto, não deve lançar programa alegando que, como presidente, fará um governo de continuidade e avanço nas políticas já em execução.  Aécio diz que lançará o seu “quando ficar pronto” mas também parece disposto a pular este capítulo.
Depois de ter sido muito associada a banqueiros e setores de elite, Marina se esforça para recuperar trânsito em setores populares. Nesta quarta-feira ela faz um ato com sindicalistas em São Paulo, embora sem o patrocínio de nenhuma das centrais sindicais, que estão divididas entre os outros dois concorrentes.
AECIO – Na campanha de Aécio Neves a avaliação é de seu crescimento, também lento mas contínuo, pode ainda dar lugar a um impulso maior, que o leve a empatar com Marina na reta de chegada e ultrapassá-la.  Mas para isso, seria necessário algum fato imponderável que levasse a uma sangria maior de Marina, razão pela qual ele vai manter as críticas e o discurso de que ela é apenas “Dilma com outra roupa”, não representando a saída do PT do poder.
As pesquisas mostram crescimento desigual mas espalhado por todas as regiões, com destaque para o Sul-Sudeste. Nesta penúltima semana ele fará viagens a estados da região Sul, onde Marina estaria em que mais acentuada e ele em alta.  A outra prioridade será São Paulo, em agendas que colem mais ao governador Geraldo Alckmin. Até agora, segundo o Datafolha, apenas 23% dos eleitores do governador declaram voto em Aécio para presidente.

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