segunda-feira, 22 de setembro de 2014


Onde a  eleição



vai ser decidida


Fernando Brito                              
classec
Semana passada, as pesquisas “testaram” uma recuperação de Aécio Neves, como forma de manter alguma aparência de organização política em suas áreas tradicionais, mas – ao que parece – sem que isso melhorasse os sinais vitais do candidato, que segue  anêmico e apático.
Deram, também, um “segura, peão” para  Marina, porque é voz corrente em todas as campanhas – como registra hoje, aliás, o colunista Ilimar Franco, em O Globo – que Dilma já lhe tem um vantagem em torno de dez pontos.
O recuo nas intenções de voto de Marina, mesmo que parcialmente vá alimentar Aécio ou outros candidatos “nanicos”, podem fazer o impensável: trazer para próximo de Dilma uma vitória no primeiro turno, para o que lhe faltam 5 a 6% de crescimento em votos.
E isso é possível?
É difícil que ocorra, sim, mas não impossível, se a campanha de Dilma acertar o foco naquilo em que, há quinze dias, este blog vem insistindo ser o campo decisivo de batalha: a classe C.
Hoje, a Folha traz uma análise do comportamento do eleitorado por faixa de renda que mostra explicitamente aquilo que se disse aqui: o maior problema eleitoral de Dilma e Lula está na camada que os seus governos fizeram ascender socialmente, porque este processo se fez sem debate político e enfrentamento ideológico.
Não vou repetir os argumentos que usei de outras vezes, até porque a saúde ainda está muito baqueada. Mas peço que examine os dados e conclua.
porclasse
Basta olhar para o gráfico ao lado e ver qual o grupo social que mais se beneficiou dos últimos três períodos de Governo.
Para esse grupo, tudo ganho nestes 12 anos, face à deplorável renúncia do PT  em politizar o processo econômico para além do consumo, é entendido como quase que só fruto de méritos pessoais.
Como certos adolescentes que deixam de observar os esforços dos pais para lhes proporcionarem uma vida melhor, não adianta  que a comunicação assuma apenas um discurso  de convencimento, de argumentação, de solidariedade, embora este seja necessário e correto.
Nem fazer o discurso todo da “gratidão”, porque isso é antes obrigação – negligenciada por séculos – do  governo brasileiro.
O que é  preciso falar claro, direto,  mostrar que tudo o que melhorou em muitos anos pode ser perdido em alguns meses.
Plano emprego, crédito, filhos na escola, acesso à universidade, casa própria, automóvel, salário-mínimo subindo sempre, embora ainda baixo…
Isso pode desaparecer  num “pluft” como naqueles comerciais de venda de objetos usados, só que com o bordão inverso: “fiz um mau negócio”!
Se Marina quiser chamar isto de “estratégia do medo”, que chame.
Porque não é.Trata-se de conversa leal e direta com pessoas a quem se quer bem.
Medo não é seguir no caminho do progresso social e individual.

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