segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Embarcações levam serviços 
essenciais a comunidades ribeirinhas e isoladas
                                                 
                                                                           
Especial Cidadania a Bordo
O Brasil tem quilômetros de rios navegáveis e, nas suas margens, milhares vivem isolados dos serviços comumente encontrados nas áreas urbanas. Sabendo dessa realidade das populações ribeirinhas e de áreas rurais afastadas, o governo brasileiro está cada vez mais se adaptando às particularidades desse estilo de vida. Atendimento de saúde, educação, serviços bancários e outros essenciais à vida do brasileiro estão sendo levados aos mais longínquos afluentes para encontrar e atender a esses cidadãos.
Na nova série do Blog do Planalto, você conhecerá um pouco do cotidiano desses profissionais que contribuem para integrar o Brasil. A primeira matéria trata dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) itinerantes.   Equipe fazem busca ativa para encontrar pessoas extremamente pobres que ainda não são incluídas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. Foto: Divulgação/Gabinete Digital - PR.
Equipes fazem busca ativa de lancha para incluir socialmente comunidades ribeirinhas em programas sociais do governo e políticas públicas de Estado. Foto: Divulgação/Gabinete Digital – PR.
Lancha Social


Todo mês o assistente social Saturnino de Almeida Filho prepara a mala para navegar por sete dias pelos afluentes do Pantanal. Ele é um dos funcionários do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) itinerante de Corumbá (MS) que percorre 380km por viagem para prestar atendimento socioassistenciais a mais de 650 famílias ribeirinhas em 28 comunidades da região pantaneira, um trabalho possível graças à Lancha Social.

“O trabalho na lancha é bem diferenciado, até porque as populações atendidas ficam muito distantes. Elas são bem carentes de tudo. Então, é bem gratificante trabalhar para essas pessoas”, admite Saturnino.
Junto com Saturnino, viajam na embarcação mais um assistente social, um psicólogo, o piloteiro, o maquinista e a coordenadora do Cras da região. Uma das principais atribuições da equipe é encontrar, por meio da busca ativa, pessoas extremamente pobres que ainda não são incluídas noCadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, além de acolhidas, visitas domiciliares e encaminhamento para recebimento dos benefícios previdenciários e de prestação continuada.
Nos três meses de funcionamento da Lancha Social na região, 90% da população atendida já foi inserida no Cadastro Único. O atendimento nas comunidades começa cedo, por volta de 8h, e termina muitas vezes com o sol se pondo. Saturnino conta que na região de Taquari, no porto de Sairú, encontrou uma família com avó, filha e neta, todas sem certidão de nascimento. “Graças à lancha, chegamos até essa família, fizemos a certidão de nascimento de todas elas e cadastramos no Cadastro Único. Eram três gerações sem certidão de nascimento. Isso me marcou muito”, ressalta. Hoje, a família está incluída no programa Bolsa Família.
As Lanchas Sociais são uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a Marinha do Brasil para a execução de serviços socioassistenciais e apoio à busca ativa na Amazônia Legal e no Pantanal. São 123 embarcações doadas pelo MDS para os estados de Roraima, Rondônia, Pará, Tocantins, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Maranhão, Amapá e Acre. Cada lancha atende a um diferente município.
Para a secretária nacional de Assistência Social, Denise Colin, as lanchas sociais são importantes para garantir a presença efetiva do estado brasileiro nas regiões atendidas. “Nós identificamos pessoas que não tinham carteira de identidade e certidão de nascimento, então, elas não eram reconhecidas como cidadãos brasileiros. Com esse trabalho, podemos fortalecer a permanência, a cultura e a forma de convivência com a melhor qualidade de vida possível, mas com acesso a um conjunto de bens e serviços que todo cidadão brasileiro deve exercer com um mínimo de qualidade”, afirma Denise.
As lanchas possuem 7,70 metros de comprimento e capacidade para 12 pessoas. Todas são equipadas com os itens necessários à segurança dos passageiros, e com acessórios complementares para a realização dos serviços socioassistenciais, como rádio, tenda, mesas, bancos e notebooks com acesso à internet.
Após a assinatura de termo de doação, a prefeitura começa a receber, ainda, um repasse de R$ 7 mil mensais do MDS, para manutenção das lanchas, compra de combustível e contratação de pessoal. E ainda são destinados mais R$ 4,5 mil por mês para as equipes volantes dos Cras e mais um repasse, que varia de R$ 4,5 mil a R$ 9 mil conforme o porte do município, para a oferta do serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif).
Segundo Denise, o balanço do projeto é positivo. “A avaliação é absolutamente positiva, tanto dos gestores e dos prefeitos quanto das próprias comunidades, que se sentem cidadãos pertencendo àquela localidade, em poder trazer suas demandas, em ter orientação de onde buscar os seus direitos, de fortalecer o convívio das famílias e daquela própria comunidade. E também da geração de empregos, como das equipes técnicas, que são adicionais aos Cras, quanto de barqueiros, e da própria comunidade que, com essa orientação, tem acesso a uma série de bens e de serviços”, analisa a secretária.
Lanchas Amazônicas


Também em parceria com a marinha, o MDS vai disponibilizar 15 lanchas oceânicas, que vão atender populações extrativistas que vivem em áreas isoladas e de difícil acesso na Amazônia Legal. As embarcações oceânicas, maiores que as lanchas fluviais, irão trafegar por locais que têm influência marítima, sujeitos a correntezas, ventos e marés.

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