A pesquisa Datafolha divulgada neste domingo(7) tem um dado muito mais significativo do que os que são destacados na manchete ” Datafolha mostra que 68% responsabilizam Dilma por corrupção” ou a de que nem o episódio de corrupção ocorrido na Petrobras e, sobretudo, nem a intensa campanha acusatória na mídia foram capazes de ferir mortalmente a popularidade da Presidenta Dilma Rousseff na opinião pública.
Este dado está expresso aí em cima, onde é a percepção de que seu Governo investiga e pune atos de corrupção é avassaladoramente maior do que a de qualquer outra administração nas últimas três décadas da história deste país. E, se dermos de barbada que não havia combate democrático à corrupção durante a ditadura, onde a rara punição a atos corruptos misturava-se e encobria, na verdade, a perseguição a inimigos políticos do regime, é de Dilma o maior reconhecimento ao combate e punição à corrupção até onde nossa memória possa alcançar.
Dos cerca de 80% que deram opinião, os 46% que crêem que seu governo foi o que mais investigou e os 40% o que mais puniu representam a maioria dos que têm algum julgamento formado. E revela que, apesar do massacrante noticiário e da revelação de fatos seríssimos, não se repete o mesmo convencimento sobre a “quantidade” de corrupção.
Imaginem se a “privataria tucana” tivesse tido um volume e um tom na mídia assemelhado a este, o que teríamos?
A tal “responsabilização” da manchete é uma exploração cavilosa e que se presta mais à campanha de desestabilização do governo eleito que a qualquer outro sentido.
Se perguntarem à Presidente, a mim, ou até a você se acha que ela tem responsabilidades no caso, não tenho dúvida em dizer que a resposta seria sim, porque ela, na qualidade de Chefe de Estado, tem obvia responsabilidade sobre a maior empresa estatal deste país.
Tanto que, há meses, tenta exercê-la, pedindo que se liberem à Presidência as informações obtidas no processo de investigação judicial para que, com elas, possa punir quem eventualmente ainda esteja na empresa ou no Governo.
Porque um governante não pode ir mais fundo neste processo sem conhecer quem é acusado, de que é avisado e o que há de concreto na acusação, mesmo como indício.
Quando se cobra uma postura mais agressiva do Governo diante do caso, é exatamente isso o que se quer dizer.
Como é que um governo pode ter, na mídia de todos os dias, uma intensa campanha apontando-lhe corrupção e ele próprio não pode ter acesso às informações, exceto àquelas que a imprensa, com bem poucos filtros éticos, publica.
Exemplo: o principal operador da roubalheira, Paulo Roberto Costa, negou, no único depoimento público que fez – o que ocorreu esta semana, na CPI do Congresso, ter tratado com Lula ou Dilma de qualquer situação deste tipo. Mas a versão pública, criminosamente espalhada pela Veja na antevéspera da eleição, é a de que “eles sabiam”. E quem a fez – se é que a fez, porque nem isso se sabe – é um bandido notório, já condenado e já traidor de um acordo de delação premiada: Alberto Youssef, o lavador de dinheiro da Paulo Roberto.
Só isso mostra a politização daqueles que deveriam conduzir este processo com isenção: a Veja pode receberas informações “sigilosas”, mas a suprema mandatária da Nação, não.
O resto é puro partidarismo midiático.
Tanto que, sem medo de incorreção e muito além de qualquer “margem de erro” possível, a pesquisa poderia ser anunciada como “Brasileiro acha que corrupção nunca foi investigada e punida como no Governo Dilma”.
Tanto que ela comprova que os brasileiros concordam com a frase que ficou famosa na campanha, a de que os corruptos dos governos tucanos “estão todos soltos” e impunes, porque FHC só perde, e de pouco, para o Governo Collor nos quesitos “investigar e punir”.
Mas não é combater a corrupção o que se pretende, é combater a vontade popular expressa na eleição e carregar as nuvens de tempestade da economia para manter o governo eleito como refém.
Não é só roubando dinheiro público que se comentem crimes contra o povo brasileiro.
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