terça-feira, 16 de dezembro de 2014


Petróleo  como  arma


geopolítica  de 


destruição em massa


                 

Serguei Duz

petróleo, economia, preços, EUA, Rússia, Arábia Saudita

O preço do petróleo bateu mais um mínimo histórico. Os analistas acreditam que muito em breve ele chegará ao fundo e que se seguirá uma recuperação.

Nesta terça-feira, o preço do petróleo bruto Brent do mar do Norte caiu abaixo de 60 dólares por barril. Na opinião de alguns analistas, os preços caíram mais baixo do que as leis do mercado exigiriam. No entanto, para esta situação existem pelo menos duas razões, diz um dos principais especialistas da União de Industriais de Petróleo e Gás da Rússia, Rustam Tankaev:
“Infelizmente, aqui existem fatores que são difíceis de controlar de fora. O primeiro deles é o Estado Islâmico que está lançando petróleo no mercado mundial a preços muito baixos. Os militantes estão vendendo petróleo por armas e munições. No entanto, em seguida, o petróleo passa por várias mãos para esconder evidências de contrabando. Mas, mesmo assim, ele chega ao mercado a um preço inferior a 50 dólares por barril.
O segundo fator é a guerra de preços da Arábia Saudita contra o petróleo de xisto nos Estados Unidos. Estes processos definem o nível baixo dos preços. Quanto ao Estado Islâmico, os norte-americanos, aparentemente, irão parar o contrabando de petróleo de áreas capturadas por militantes. E os sauditas não podem manter os preços baixos durante muito tempo. É de esperar que no futuro próximo os preços irão crescer. Especialmente porque, com o baixo preço do petróleo, o seu consumo está aumentando, o que altera a relação entre oferta e a demanda”.
A situação atual afeta diretamente as chamadas petromoedas, entre as quais está também o rublo russo. As economias de alguns países em desenvolvimento, incluindo além da Rússia o Irã, a Venezuela, o Equador, a Nigéria e a Argélia, dependem diretamente de preços altos do “ouro negro”. Eles estão pedindo às monarquias do Golfo Pérsico que diminuam sua produção. Mas elas, aparentemente, não pretendem desistir. Em geral, elas também são inteiramente dependentes do petróleo. Mas só que o custo de mineração do petróleo no Oriente Médio ronda os 10 dólares.
Na opinião de representantes da Arábia Saudita, o preço de 40 dólares por barril não é o limite. Eles não vão cortar a produção mesmo com esse preço, porque o mercado conseguirá se estabilizar por si próprio. Na opinião de analistas da Agência Internacional de Energia, a tendência de queda dos preços do petróleo ainda não se esgotou. A OPEP também prevê uma diminuição da demanda por petróleo em 2015. No entanto, o presidente do conselho de administração do banco russo Sberbank, German Gref, expressa um otimismo cauteloso:
“A dinâmica do preço do petróleo é negativa. Em algum momento acontecerá um ponto de viragem. Muito provavelmente, isso vai acontecer no segundo semestre do próximo ano. Mas, mesmo assim, o preço não vai ser transcendental”.
Segundo a maioria dos analistas russos, o petróleo começará a voltar ao nível de 80 dólares já no próximo ano. Pode-se argumentar sobre o ritmo desse processo, mas o petróleo no mundo de hoje não pode ser barato, diz o chefe do departamento de economia do Instituto de Energia e Finanças, Marsel Salikhov:
“A tendência de longo prazo é de aumento do preço. Simplesmente partindo do custo de produção de novos projetos em plataformas continentais e em outras condições geoclimáticas difíceis. Tais projetos não poderão ser realizados a um preço de 70 dólares por barril. E se eles não forem realizados, não haverá petróleo suficiente para uma economia em crescimento. E o preço irá aumentar logo duas vezes. A extração não reage a estes processos imediatamente. Podem passar uns cinco anos até que ela recupere. A falta do produto é sempre equilibrada pelo seu preço”.
O mercado de energia, bem como quaisquer outros mercados, passa por ciclos. E ele é certamente influenciado por fatores geopolíticos. Hoje em dia, o curso econômico é definido pela política. Os principais jogadores atuam deliberadamente contra o mercado. Mas dentro em breve o instinto de autopreservação irá forçá-los a dar prioridade ao fator sensatez e racionalidade.

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