Operação ‘Zelotes’,
da PF, se aproxima
da Globo
Miguel
do Rosário
O
imenso poder da Globo ancora-se na brecha que o monopólio encontrou para se
expandir país a fora, através de suas “afiliadas”, controladas pelas
oligarquias que assumiram o poder nos estados após o fim do regime militar: o
coronelismo midiático.
Invariavelmente
são famílias enriquecidas na ditadura, aliadas ao poder político conservador
local, seja diretamente, através de familiares, seja indiretamente, através de
famílias parceiras.
A
afiliada mais poderosa da Globo está no sul do país. É a RBS, controlada pela
família Sirotsky.
A
operação Zelotes, que investiga um esquema de corrupção e evasão fiscal que
pode ter lesado o Estado em quase R$ 20 bilhões, identificou a RBS como uma das
suspeitas.
Os
investigadores suspeitam que a RBS pagou R$ 15 milhões para fazer um débito
fiscal de R$ 150 milhões “desaparecer”.
Leia
matéria da Carta Capital, reproduzida abaixo.
*****
Na Carta Capital:
Operação
Zelotes envolve bancos, grandes
empresas e afiliada da Globo
Segundo jornal, Bradesco, Santander, BR Foods,
Camargo Corrêa, Petrobras e a RBS, afiliada da Globo no RS, estariam ligados ao
esquema de corrupção
por
Redação — publicado 28/03/2015
A
operação realizada na quinta-feira 26 por diversos órgãos federais contra um
esquema que causava o sumiço de débitos tributários, uma forma de desfalcar os
cofres públicos, identificou várias grandes empresas e bancos entre os
suspeitos de pagar propina para se livrarem de dívidas. Entre estas empresas
está a RBS, maior afiliada da Rede Globo. Os investigadores, segundo o jornal o
Estado de S. Paulo, desconfiam que a RBS pagou 15 milhões de reais para que
desaparecesse um débito de 150 milhões de reais. Estariam envolvidas também
Ford, Mitsubishi, BR Foods, Camargo Corrêa, Light, Petrobras e os bancos
Bradesco, Santander, Safra, BankBoston e Pactual.
O
esquema desbaratado pela 'Operação Zelotes' subtraiu do Erário pelos menos 5,7
bilhões de reais, de acordo com as investigações de uma força-tarefa formada
por Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público Federal e a
Corregedoria do Ministério da Fazenda.
O
esquema atuava no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão da
Fazenda onde contribuintes podem contestar administrativamente – ou seja, sem
passar pela Justiça – certas tributações aplicadas pela Receita.
A
força-tarefa descobriu a existência de empresas de consultoria a vender
serviços de redução ou desaparecimento de débitos fiscais no Carf. Tais
consultorias tinham como sócios conselheiros ou ex-conselheiros do Carf. Elas
conseguiam controlar o resultado dos julgamentos via pagamento de propinas.
Entre seus clientes, estão as grandes empresas citadas pelo Estadão.
As
investigações começaram no fim de 2013. Já foram examinados 70 processos em
andamento ou já encerrados no Carf. No total, eles somam 19 bilhões de reais em
tributos. Deste montante, os investigadores estão convencidos de que 5,7
bilhões foram ilegalmente “desaparecidos” nos processos já encerrados. Entre os
crimes apurados na 'Zelotes', estão advocacia administrativa, tráfico de
influência, corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Na
operação, houve busca e apreensão em Brasília, Ceará e São Paulo. Na capital
federal, foram apreendidos 16 carros – entre veículos de luxo, nacionais e
importados –, três motos, joias, cerca de 1,8 milhão de reais, 9 mil dólares e
1,5 mil euros. Em São Paulo, foram apreendidos dez veículos e 240 mil, em reais
e moeda estrangeira. No Ceará, dois veículos também foram apreendidos.
O
Ministério da Fazenda informou que já abriu processos administrativos contras
as empresas envolvidas, tendo como base a Lei Anticorrupção, a mesma que dá
suporte a processos da Controladoria Geral da União contra empreiteiras metidas
na Lava Jato.
Todas
as empresas citadas pelo Estadão disseram ao jornal desconhecer as denúncias ou
se negaram a comentar o caso.
Abaixo,
a lista de débitos investigados de algumas das empresas, segundo o Estadão:
Santander
– R$ 3,3 bilhões
Bradesco – R$ 2,7 bilhões
Gerdau – R$ 1,2 bilhão
Safra – R$ 767 milhões
RBS – R$ 672 milhões
Camargo Corrêa – R$ 668 milhões
Bank Boston – R$ 106 milhões
Petrobras – R$ 53 milhões
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