Nenhum atenuante político: é preciso dizer que havia muita, muita gente na Avenida Paulista.
Foi, sim, e tem um efeito político “tsunâmico” sobre o Governo Dilma, por tudo o que já se apontou aqui, antes.
Mas é curioso ver o comportamento da mídia, desmentido pela própria mídia.
O “um milhão” de manifestantes calculados pela PM de São Paulo vira, nos cálculos do Datafolha, 188 mil pessoas, no pico, e 210 mil, no total.
Nunca vi, em décadas de manifestações, a PM calcular mais gente que os próprios organizadores.
Muito menos a mídia “embarcar” nisso.
Transcrevo, por fidelidade.
“Manifestação na avenida Paulista reuniu 210 mil pessoas, segundo medição do Datafolha. Este número refere-se ao total de pessoas diferentes que participaram em algum momento. No pico do protesto, por volta das 16h, havia 188 mil.”
Repito, não é numérico o julgamento político ou ético de qualquer manifestação.
Politicamente, a afluência na Paulista foi um estrondo.
Mas, com ele, a Globo fez como naquela operação “Choque e Pavor” do Iraque, é preciso demonstrar “força avassaladora, percepção dominante do campo de batalha, manobras dominantes e mostras espetaculares de força para paralisar a compreensão do adversário e destruir sua vontade de lutar’.
Porque a Globo, a mídia e todos aqueles que tentam, pela via do golpismo, alcançar o que não alcançaram nas urnas sabe que, sem isso, no debate racional, perdem.
Repetem a mesma forma do “mar de lama” antigetulista, da “”vassoura” janista, da “ameaça comunista” de 64, do “boi no pasto” de Sarney.Ah, ia esquecendo: os marajás a serem caçados…
Sem histeria, não têm futuro.
Como escreveu um amigo no Facebook: é muita insensatez participar de um movimento contra algo abstrato como “a corrupção” e cujo único objetivo concreto é substituir um governante eleito há cinco meses e que não é acusado de crime algum (…)Como se imagina que “a corrupção” acabará destituindo-se o único governo em nossa história que se dispôs a permitir a investigação isenta de um episodio desses, após dezenas, centenas de casos escabrosos varridos para debaixo do tapete ao longo das últimas décadas?
Ontem, finalmente, o governo parece ter percebido - demorou, hein? - que há um divisor de águas capaz de separar o justo desejo de uma política limpa da manipulação que o dinheiro nela faz e os golpistas do conservadorismo.
O fim do dinheiro de empresas (e de empresários milionários) nas campanhas políticas.
Aquele que torna impossível uma disputa democrática e de governos democráticos, porque as empresas compram votos para os políticos e, com ele, compram os políticos para si próprias.
Mas não, pelo amor de Deus, com esta abordagem “republicana” e fria da “reforma política”.
O povão não entende firulas como a do Ministro da Justiça ao dizer que “Um ponto deve ser debatido por todos os brasileiro: não é mais possível permitir o financiamento empresarial de campanhas eleitorais”.
É preciso ser claro, evidente, explícito.
Voto não é mercadoria para ser comprado. Empresas não votam, tirem sua grana do meu voto.
Qualquer bom profissional de publicidade saberá dar forma melhor e mais aguda.
E partir para cima.
Chamar, publicamente, a que Gilmar Mendes pare de engavetar a decisão do TSE que proíbe o dinheiro de empresas nas eleições.
Senão, pagará o justo pelo pecador, e pior.
Com a direita mais fascista renascida, a política no Brasil virará um Iraque.
Os candidatos a “Exército Islâmico” a gente já pode ver.
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