Tumulto na
votação da
meta fiscal consagra '
estilo Aécio' de fazer
oposição
Cíntia Alves
Jornal GGN - O tumulto registrado na noite da última terçafeira(2) no Congresso, durante a tentativa de votar o projeto que altera a meta fiscal (PL 36/14) marca o novo estilo Aécio Neves de fazer oposição ao governo Dilma Rousseff (PT).
O senador prometeu "oposição incansável” aos interesses do Executivo, mas age para lembrar que não falou em oposição responsável.
Patrocinados por PSDB e aliados, cerca de 30 pessoas, segundo números da Casa, alardearam a sessão a ponto de o presidente Renan Calheiros (PMDB) recorrer à polícia legislativa para retirá-las do local.
Segundo o regulamento interno, não é permitido manifestações nas galerias durante votações. Ainda assim, oposicionistas tentaram impedir que a equipe de segurança removesse os “brasileiros” que o PSDB defendeu nas redes sociais como "o povo que acordou para acompanhar o que acontece no Brasil".
Esses mesmos brasileiros pediram a deposição de Dilma por improbidade e chamaram Vanessa Grazziotin, do PCdoB, de “vagabunda”, entre outros xingamentos.
Aécio, em mais um discurso de palanque, lamentou que o PT não seja um partido democrático a ponto de permitir a livre manifestação do “povo” no Congresso. “A população acordou. PT e aliados não perceberam. As pessoas querem participar do que acontece no Brasil. Nós vamos fechar as galerias? Não. Essa é a casa da democracia. PT tem que aprender a conviver de novo com o povo nas galerias”, disse ele, endossando que, quando presidente da Câmara, permitia a entrada de populares.
Renan ordenou a retirada dos manifestantes e denunciou a “partidarização” das galerias, relatou a agência de notícias da Câmara. “O que pedem é a partidarização das galerias, não é a democratização das galerias”, afirmou o peemedebista. Para ele, o episódio inflamado de ontem foi uma “obstrução única em 190 anos do Parlamento”.
Os manifestantes, segundo a agência de notícia, pediram o impeachment de Dilma. “Ela cometeu crime de responsabilidade [ao não cumprir a meta de superavit] e deve sofrer impeachment”, defendeu o advogado Mauro Scheer, que disse não ter filiação partidária. Uma busca rápida por Scheer nas redes sociais, entretanto, mostra que ele participou de passeatas onde militantes do PSDB ostentataram bandeiras do partido, pedindo votos para Aécio presidente.
Scheer ainda disse que os manifestantes não xingaram Vanessa. “Não dissemos ‘vagabunda’ e sim ‘vai pra Cuba’. Mas ela não escuta bem”, ironizou.
A deputada Jandira Feghali, correligionária de Vanessa, assegurou que a colega foi xingada. “Não foi só vagabunda, tiveram duas palavras piores gritadas das galerias e todos levantaram ao mesmo tempo porque ouviram a mesma coisa.”
Na manhã desta quarta-feira, às 10h, a sessão foi retomada com o impedimento de manifestantes nas galerias. O senador Aloysio Nunes (PSDB), ex-candidato a vice-presidente da República, fez um discurso contra o PL 36/14.
Em tempo
Ao abordar os excessos cometidos no dia anterior, Aloysio perguntou onde estava a indignação do PCdoB - que defendeu a senadora ofendida - quando a sede da Editora Abril foi depredada em ato de repúdio à edição da revista Veja que cravava que Dilma e Lula sabiam de tudo no caso Petrobras.
Aécio, por sua vez, insistiu que o tumulto foi uma demonstração de "democracia" e fez mais um discurso sobre a derrota eleitoral para Dilma e suas "mentiras". O senador sustentou que o Congresso está de "cócoras". Para ele, é uma vergonha que o governo tenha determinado que só vai liberar emendas parlamentares mais gordas se os congressistas aprovarem o PL 36/14.
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