quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Morreu o jornalista esportivo Roberto Porto                           

4/12/2014 13:30
Eliakim Araújo (*)
, de Fort Lauderdale - EUA                                                 

Roberto Porto foi um dos grandes do jornalismo esportivo e pertencia à nossa primeira equipe do Direto da Redação
Roberto Porto foi um dos grandes do jornalismo esportivo e pertencia à nossa primeira equipe do Direto da Redação
Minha homenagem e meus respeitos a um velho amigo. O nosso Roberto Porto morreu nesta quinta-feira(4)  no hospital do Andaraí, onde estava internado.
Deixa um sem número de amigos que colecionou durante sua brilhante carreira no jornalismo. Pena que isso nunca tenha sido reconhecido, pois  Robertão morreu quase na miséria, segundo relato de quem esteve com ele até o final.
Deixa também uma invencível paixão pelo Botafogo, do qual era sócio benemérito.

Porto escreveu mais de 250 crônicas, deliciosas, por sinal, para o Direto da Redação. Uma das últimas, escrita pouco antes de se afastar do DR, revela o sentimento de tristeza que lhe ia na alma.  É quase uma despedida da vida.
Roberto Porto e a homenagem
 em seus 70 anos(2010)
Nascido em 22/2/1940, Roberto Porto foi editor de esportes do “Jornal do Brasil”, do jornal “O Globo” e do “Jornal dos Sports”, estando à frente de coberturas de diferentes Copas do Mundo, Jogos Olímpicos e Pan-Americanos. Formado em Direito, sua carreira acabou voltada para o jornalismo esportivo. Robertão mantinha um blog e participava do programa “Loucos por Futebol”, do canal ESPN Brasil.
Roberto Porto, em 2012, nos 10 anos do 'Loucos por Futebol' do canal ESPN, ao lado,
 entre outros,  de Paulo Vinicius Coelho, Celso Unzelti e Marcelo Duarte.
Torcedor do Botafogo, eleito benemérito do clube este ano, Porto escreveu vários livros, entre eles “História Ilustrada do Futebol Brasileiro”, ao lado de João Máximo e Salomão Scliar, e “Gírias e Verbetes Futebolísticos”, com Carlos Leonam e Manoela Pena, além de “Dicionário Popular de Futebol – o ABC das Arquibancadas” e “Botafogo, 101 Anos de Histórias, Mitos e Superstições”.

Segue sua última coluna no Direto da Redação, há quase três anos:

Um triste destino     
                                            Roberto Porto - 18/12/2011 

Rio – O final do ano de 2011 está chegando – com os tradicionais e cada vez mais comerciais festejos de Natal de Ano Novo – e não consigo me conformar com a morte de minha mulher, Ada Regina Guimarães (1951-2010), a 30 de novembro do ano passado. Ouso dizer que me transformei num outro homem. Quase não saio de casa – a não ser para compromissos profissionais ou familiares – não ouço CDs e, por incrí­vel que pareça, deixei de ler, mesmo os livros de ficção que me atraíam. Morando sozinho, vejo o noticiário das televisões, faço um pouco de hora e vou dormir. Outro dia, em função desse maldito horário de verão, verifiquei que me deitei às 20h30, ou seja, 19h30 no horário normal. Pior: custo a conciliar o sono e acordo cedo.

Ela era uma pessoa incrível e não merecia – de modo algum – o câncer que a acometeu em 1995. Mas lutou bravamente contra a doença mortal, cumprindo sem descanso todos os tratamentos prescritos pelos oncologistas. Não posso, sequer, contar com a ajuda de minha familia, pois todos moram em 'lugares distantes', como Itaipu, Ilha do Governador, Santa Teresa e, acreditem, Uberlândia (MG). É verdade que sigo trabalhando, tenho um programa quinzenal na ESPN Brasil e uma coluna no site da emissora paulista. Agora mesmo terei que analisar a final Santos x Barcelona.

Confesso, com certa vergonha, que não tenho lutado para minha própria recuperação. Não digo que não vá tentar, mas por enquanto, um ano depois, ainda me sinto desanimado. Ela era minha razão de viver, título de um livro do jornalista Samuel Wainer (1912-1980), com quem cheguei a trabalhar alguns dias na Bloch Editores, na revista “Domingo Ilustrado”.

Nas noites insones, por sinal, começo a enumerar de cabeça onde exerci minhas funções de jornalista: “Jornal do Brasil” (cinco vezes), “O Globo” (duas), “Correio da Manhã (uma), “O Dia” (uma”), “Tribuna da Imprensa” (duas), “Rádio Nacional” (duas), “Rádio Tupi” (uma) e “Rádio Globo” (uma), além de “Bloch Editores” (duas) – se não me esqueci de outra empresa.

Mas, como diria João Saldanha (1917-1990), vida que segue. E aqui estou no “Direto da Redação”, do velho companheiro da Faculdade Nacional de Direito, Eliakim Araujo. Mas sei que não estou escrevendo minhas histórias habituais, sobre os bastidores das redações. Mas não podia, justamente agora, deixar de falar na falta que ela me faz, dia após dia. É apenas uma homenagem, nada mais do que isso.
Perdoem minhas recordações.

NR. Roberto Porto perdeu o interesse pela vida, após o falecimento de sua esposa em fins de 2010.
(*) Eliakim Araújo, criador do Direto da Redação, precursor do atual, editado por Rui Martins no Correio do Brasil.

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