A odiosa
falácia do 'jornalismo
de guerra' da mídia brasileira

As expressões utilizadas pelos jornalistas são bonitas, mas não dizem nada ou escondem a verdade. “Trégua humanitária”, por exemplo, é um evidente pleonasmo. Não existe trégua que seja desumana. Toda trégua implica a cessação das atividades militares e, portanto, é humanitária.
“Forças de defesa(?) se retiram de Gaza” dá a atender que Gaza invadiu o território de Israel e foi repelida. Isto é uma evidente mentira. Gaza não tem Exército e nenhum território se desloca sobre outro. O que se deslocou foi o Exército de Israel, primeiro para a fronteira e depois para dentro do território palestino.
“Justo contra-ataque israelense” desinforma o respeitável público. O Conselho de Segurança da ONU não autorizou operações militares israelenses em Gaza e, portanto, a agressão de Israel a Gaza é injusta.
“Danos colaterais” é um eufemismo bem ao gosto dos nazistas. Até a I Guerra Mundial, os conflitos armados eram travados entre Exércitos. As baixas entre civis eram geralmente pequenas e indesejadas. Após a II Guerra Mundial, os Exércitos começaram a massacrar indiscriminadamente os civis. Foi o que ocorreu, por exemplo, Vietnã e no Iraque. Mas como os norte-americanos não gostam de ser retratados como carniceiros ou criminosos de guerra, os jornalistas inventaram a expressão “danos colaterais”. O novo nome, porém, não conseguiu esconder o massacre de crianças em Gaza.
“Os dois lados do conflito” sugere que palestinos e israelenses tem à sua disposição equipamentos militares equivalentes. Isto não é uma realidade. Israel tem centenas de tanques e de aviões modernos e os utiliza para bombardear civis palestinos. Gaza não nem mesmo como se defender dos armamentos israelenses. Nenhum tanque ou avião palestino foi filmado bombardeando Tel-Aviv.
“Soldado israelense sequestrado” tem tudo para virar um clássico da retórica pró-israelense. Apesar de admitir a existência de uma guerra ao falar em “dois lados do conflito” a imprensa sugere que um dos lados (os palestinos) não tem direito de fazer prisioneiros ou de matar soldados inimigos. Quando Israel mata civis palestinos isto é descrito como “dano colateral” e não como um crime de guerra. Sob constante ataque militar, os defensores de Gaza não podem nem prender nem matar soldados israelenses porque isto é crime.
“O direito de Israel existir” é outro clássico do engajamento militar da imprensa em favor de Israel. O direito de Israel existir não está em questão, pois Gaza nunca teve, não tem e provavelmente nunca terá condições militares de destruir Tel Aviv ou qualquer outra cidade israelense. A existência de Israel, portanto, não está em perigo. A existência de Gaza é que está em perigo, pois Israel tem atacado diariamente aquele território com bombas despejadas por aviões e disparos feitos por peças de artilharia fixa e tanques de guerra.
Quando os nazistas invadiram a França, os franceses resistiram à ocupação alemã. Os manuais de campo utilizados pelos oficiais da Wehrmacht descreviam como sendo “terroristas” os membros daquilo que os jornalistas brasileiros da época chamavam de “resistência francesa”. Os soldados israelenses bombardearam e invadiram Gaza sem autorização da ONU, mas aqueles que resistem à invasão militar injusta não são chamados pelos jornalistas de “resistência palestina” e sim de “terroristas”. Quem está usando versões atualizadas dos manuais de campo da Wehrmacht? Israel ou os jornalistas brasileiros?
“Bomba atinge escola” é uma expressão que humaniza o artefato e faz desaparecer o homem que a utilizou com o propósito de destruir o alvo. Toda bomba é atirada por alguém. A intenção daquele que usa uma bomba deveria ser sempre evidenciada pelo jornalista, pois nenhum Exército desperdiça material bélico ou premia soldados que erram os alvos designados. Ao humanizar o objeto e esconder quem o utiliza, o jornalismo não só adota um lado do conflito como impede que a versão da vítima desperte mais atenção que a ação do agressor.
O caráter tendencioso do jornalismo brasileiro fica mais evidente, porém, quando analisamos a forma como os “dois lados” são tratados. A versão que Israel dá do conflito é sempre aceita e reportada como se fosse notícia pela mídia brasileira. A versão dos palestinos é ou construída pelos jornalistas ou por Israel, nunca pelos próprios palestinos. O terrorismo praticado por Israel contra os civis palestinos (contra crianças indefesas em Escolas) nunca é chamado de terrorismo, pois os israelenses não podem ser descritos como “terroristas”. “Terroristas” são sempre os palestinos, mesmo quando estejam defendendo suas casas e famílias.
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