quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A repaginação de 

Dilma Rousseff

                        
A percepção da opinião pública, balançando entre Dilma Rousseff e Marina Silva, é similar ao do casal que enfrenta um longo casamento, e cada qual tem seus sonhos com os namorados de adolescência.
O casamento trata com o mundo real, expõe fragilidade, implicâncias. Enquanto a imagem do(a) namorado(a) é um sonho. Ele não ronca, não implica, não tem manias. É um sonho.
O casamento (político) com Dilma não é fácil. Ela é teimosa, voluntariosa, tem pouco jogo de cintura.  Marina - dizem - é mais voluntariosa ainda. Mas o país nunca casou com ela para conferir. Ela continua sonho.
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Por outro lado, Dilma é autora e avalista de um projeto de peso para o país, que não é só dela: é de uma linha de pensamento.
Política industrial do pré-sal, que já beneficia todas as regiões onde se instalaram estaleiros, a rede de fornecedores que se formou para garantir a oferta de conteúdo nacional na cadeia do gás e óleo.
Regionalização, política na qual foram amarradas várias políticas setoriais, das novas Universidades Federais às obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e cuja vitrine mais vistosa é o Pernambuco de Eduardo Campos.
Um modelo de concessão que atrasou muito, mas já está pronto.
Aprofundamento das políticas de inclusão social, com os territórios da cidadania e os programas como Brasil Sem Miséria e Brasil Sorriso.
A construção, pilar a pilar, de Sistema Nacional de Inovação, passando pelo estímulo ao ensino técnico (com o Pronatec), a aproximação das universidades e institutos de pesquisa com as demandas empresariais e regionais (através da Embrapii).
Parcerias extremamente produtivas com confederações empresariais - como a Confederação Nacional da Indústria e da Agricultura - que conferiram um toque de objetividade às políticas de inovação e agrícola.
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Não se pode ignorar que o casamento tem problemas. O uso desastroso do câmbio, juros e tarifa para combater a inflação;a compulsão por medidas de isenção fiscal descosturadas de um plano sistêmico de busca de competitividade; a imprevisibilidade do cenário econômico, agravado por um isolamento e voluntarismo exacerbado.
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Há várias maneiras de resolver o casamento em crise com Dilma.
A mais simples é o divórcio e arranjar um novo casamento com um sonho.
Significará interromper a maior parte dos projetos. O dote de Marina Silva é dos conceitos neoliberais.
A segunda maneira é suportar as excentricidades de Dilma em nome de um projeto maior. Também não é boa saída. O casamento não resistirá. Tem muita gente próxima a ela que acha que Dilma não muda.
A terceira maneira é um novo pacto matrimonial, que acene claramente para a mudança de estilo de Dilma, mais do que meras declarações de boas intenções.
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Ontem, em Belo Horizonte, Dilma reafirmou que, se reeleita, criará um Conselho de Desenvolvimento com participação do meio empresarial, diretamente ligado à Presidência. E anunciou a renovação do seu Ministério.
Daria passos graúdos se antecipasse nomes de peso que poderiam compor o próximo Ministério: Ministros com luz própria e personalidade seriam os melhores avalistas de uma mudança de estilo.
Juntando com sinais efetivos de que as forças da sociedade - das ONGs ligadas às empresas aos movimentos sociais - teriam uma participação mais ativa na formulação de políticas públicas, haveria uma repaginação de Dilma.

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