Aécio e Marina criticam e Dilma explica não adesão a acordo
Presidenta afirma que proposta sobre desmatamento 'zero' não era da ONU...
MARIA LIMA, ISABEL DE LUCA e FLÁVIA BARBOSA
Uberaba (MG) e Nova York (EUA) - Adversários de Dilma Rousseff na disputa à Presidência, Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) criticaram a decisão do governo de não assinar o acordo de combate ao desmatamento apresentado durante a Conferência do Clima, em Nova York.
— Essa é uma preocupação que temos. Para mim, foi surpreendente não ter assinado. O Brasil poderia estar com outras ações, liderando esse movimento contra o desmatamento no mundo. Eu lamento a posição da presidente da República — disse o candidato tucano em ato de campanha em Uberaba, no Triângulo Mineiro.
Na terça-feira à noite, em Florianópolis, Marina também classificou de lamentável a decisão do governo de não assinar a iniciativa global de desmatamento.
— Dilma não assinou o acordo sobre a proteção das florestas dos países que têm mais florestas. Ela não assinou, o que é lamentável. Nós podemos juntar economia e ecologia — defendeu a ex-ministra do Meio Ambiente.
Em Nova York, a presidenta Dilma afirmou que a proposta de redução a zero do desmatamento em escala global até 2030, que circulou na Conferência do Clima, não é uma resolução da ONU, e, portanto, o Brasil não se opôs a um acordo no âmbito da instituição. A iniciativa foi apresentada por Alemanha, Reino Unido e Noruega, além de organizações e empresas internacionais, disse Dilma.
PROPOSTA COLIDE COM LEI
O Brasil não assinou a proposta, explicou a presidenta, porque o governo brasileiro não foi consultado e o desmatamento 'zero' colide com a legislação do país.
-Para ser um acordo, informou um diplomata brasileiro, a proposta precisaria ter sido negociada e transformada em projeto de resolução da Conferência, o que não foi o caso com o texto sobre desmatamento zero. Menos de 20% dos membros da ONU endossaram a iniciativa.
Dilma questionou o fato de a proposta ter circulado, até o período de encontros preparatórios da Conferência do Clima, à margem do Brasil.
— Somos um país com uma grande quantidade de florestas, que temos a melhor política de (combate à) redução de florestas. Um dos assessores (dos países proponentes) disse que não nos acharam, coisa um pouco difícil dado o tamanho do país — ironizou a presidenta.
Vistoria para o manejo florestal |
Dilma explicou que a existência do conceito de manejo florestal na legislação brasileira se choca com a noção absoluta de desmatamento zero. Populações ribeirinhas, por exemplo, têm seu sustento atrelado ao manejo.
— Além de não nos terem consultado, propõem algo que é contra a lei brasileira. A lei brasileira permite que façamos o manejo florestal, pois muitas pessoas vivem dele, que é o desmatamento legal, sem danos ao meio ambiente. (A proposta) contraria e se contrapõe à nossa legislação — afirmou Dilma.
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