De extravagância a excrescência:
por que o eleitor é obrigado a
conviver com Levy Fidelix
Kiko Nogueira
“Pelo que eu vi na vida, dois iguais não fazem filho. E digo mais, aparelho excretor não reproduz. Tem candidato que não assume isso com medo de perder voto. Prefiro não ter esses votos, mas ser pai, avô que instrua seu neto. Não vou estimular a união homoafetiva. Se está na lei, que fique como está”, disse Levy Fidelix, no momento que marcou o debate mais agressivo entre os candidatos à presidência.
“Se começarmos a estimular isso aí, a população do Brasil vai cair de 200 milhões para 100 milhões. Vai andar pela Paulista pra você ver. Somos maioria vamos combater essa minoria.”
Em alguns minutos, Levy Fidelix foi de extravagância eleitoral a excrescência. Pegou de surpresa quem acreditou em sua fantasia psicodélica de tio do pavê obcecado por trens.
Levy nunca teve plataforma e não tem condições de ser síndico. Seu destempero o transformou em garoto-propaganda da lei antihomofobia. Para alguma coisa, serviu.
Fidelix, do PRTB, disputa o Palácio do Planalto pela terceira — TERCEIRA — vez. “Vou endireitar o Brasil e combater a presidente Dilma Rousseff”, avisou. Sua sobrevivência depende dessas aparições. Em 2012, quando disputou a prefeitura de São Paulo, entrou na Justiça para garantir a presença no debate da Globo. Conseguiu uma liminar, mas o encontro foi cancelado.
A quantidade de pequena siglas é um absurdo sustentado por dinheiro público. O fundo partidário dá 1 milhão à agremiação de Levy. Ele reclamou do dinheiro no SBT. (A candidatura de Alckmin tem colocado dinheiro nos nanicos que a apoiam. Segundo a Folha, o repasse de um milhão de reais para seis partidos saiu de doações das construtoras Queiroz Galvão e OAS).
Esta é sua décima aventura nas urnas. É uma doença com a qual você acaba se acostumando porque parece inofensiva depois de tanto tempo. Não é. Levy resume os problemas mais graves da nossa legislação eleitoral.
Como dono do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro, não faz outra coisa da vida a não ser se candidatar e surgir a cada dois anos para sua pantomima.
Sua incompetência na área é assombrosa: começou em 1986, quando saiu para deputado federal pelo PL. Em 1989, breve pausa para ser assessor de comunicação de Collor de Mellor. Em 1990, lançou-se deputado federal pelo PTR. Nada.
Em 1994, inventou sua legenda e saiu para presidente.
Prefeito, vice-prefeito, deputado estadual, vereador –nunca foi eleito. Em 2010, presidência novamente. Obteve 57 mil votos.
Como sempre, os segundos de propaganda na televisão serão “negociados”. Está tudo à venda. Em 2011, escutas telefônicas da Polícia Federal revelaram que Carlinhos Cachoeira quis comprar o PRTB em Goiás.
“O Levy não vence, mas as ideias vencem”, afirmou. Suas ideias, as poucas que podem ser divulgadas, também estão vencidas. É patético que o eleitor brasileiro seja obrigado a conviver com esse tipo de nanico, esfregando sua desfaçatez em sua cara.
Em 2018, tem mais.
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