Empresários,
de barriga cheia (como
nunca), reclamam de Dilma porque
querem sempre mais sem retorno
Luis Nassif
(Do AMgóes - No rodapé desta postagem, comentário sobre este texto do Nassif, remetido pelo internauta 'Francisco' (*), no Jornal GGN), é didático ao demonstrar que Marina, autodeclarada 'escolhida por Deus', não resiste aos números sobre os incontestáveis avanços dos governos do PT(que integrou até 2008), bem assim à inconsistência de sua 'nova política', como demonstrado na sequência de 'saias justas'(ou 'xales justos'?) ocorrida no debate desta última segunda-1º, no SBT/UOL)
Converso com duas lideranças empresariais, uma da indústria outro do agronegócio, ambas inclinadas a apoiar Marina Silva.
O da indústria sustenta que o tripé que ameaça o setor são juros altos, câmbio baixo e carga fiscal elevada.
O modelo econômico proposto pelos economistas de Marina é claro: independência do Banco Central para fixar a taxa de juros que julgar adequada, como única forma de combater a inflação; e ajuste fiscal severo para dar espaço para a conta juros.
Dentro dessa lógica, eleita Marina Silva, acaba a era dos subsídios do Tesouro ao BNDES para financiamento à indústria. Em pouco tempo haverá a elevação da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) para equipará-la à Selic, reduzindo o subsídio implícito. Haverá redução drástica no volume de financiamentos. Não haverá essa política de privilegiar os "campeões nacionais", é verdade. Mas não haverá mais oferta abundante de financiamento para os demais.
Além disso, a política industrial do pré-sal será interrompida. Em pouco tempo, não haverá mais a política de conteúdo local na construção de plataformas, já que não faz parte das prioridades de Marina..
Não são hipóteses terroristas, são conclusões óbvias a partir das declarações de Marina, de seus economistas e do plano de governo.
Mesmo assim, o líder industrial manifesta entusiasmo com sua candidatura.
Entende-se seu desconforto com a situação atual e com o câmbio. A vida média do maquinário da indústria é de 16 anos. São literalmente carroças. Apesar do BNDES, do financiamento subsidiado, não houve renovação do parque por falta de previsibilidade na política econômica de Dilma e do câmbio, tirando o mercado da indústria.
Que a política econômica de Dilma exige ajustes, não se discute. Esses ajustes dependem exclusivamente da própria Presidente, de sua capacidade de superar o estilo centralizador.
Do lado de Marina, o fim das políticas industriais e do apoio à indústria estão no centro do pensamento de seus economistas.
Você que teme juros altos: não o assusta a proposta de independência do Banco Central, indago? Se soltar o câmbio, reajustar as tarifas e tentar segurar o aumento de preços exclusivamente com juros e aperto fiscal, se terá um mundo complicado, com aumento do custo financeiro em uma ponta, e redução da demanda na outra.
Ele não acha.
Na sua opinião em pouco tempo haverá melhoria no ambiente econômico, previsibilidade, políticas horizontais de redução da carga fiscal, devolvendo a vitalidade à economia.
Indago se conhece o temperamento de Marina, sua capacidade de decisão. Duvidavam de Lula também, argumenta ele, e no entanto deu certo.
É uma ilusão evidente. Mas mostra até onde foi levado o desencanto com a incapacidade de Dilma de apontar o futuro - que está sendo construído.
O caso do agronegócios
Do lado do líder do agronegócio, o quadro é similar.
Em relação ao etanol nenhuma discussão: Dilma provocou um desastre no setor contendo as tarifas de energia.
Mas a conversa sobre os demais aspectos do agronegócio é curiosa. Seu maior problema é o custo da infraestrutura. Nada foi feito para melhorar, me diz ele.
Pergunto do Plano Nacional Agrícola, elogiado até por Delfim Netto. Ah é, o PNA é bom, aumentou os recursos para armazenagem, crédito agrícola. Pelo menos algo se salva, penso eu.
E os portos, qual a razão das filas enormes no ano passado e nenhuma fila este ano? Bem, no ano passado a safra foi maior. Mas este ano, de fato, as obras do PAC deram certo e permitiram melhoria nos portos. Pelo menos duas coisas se salvam.
E quanto à infraestrutura, as obras ferroviárias que deveriam interligar o país? Nada foi entregue, uma desgraça. Aliás, há um novo porto no Pará que facilitou bastante o escoamento da safra, mas é investimento privado. Penso eu: é óbvio. Mas e a ferrovia norte-sul? Quando entregue, resolverá um grande problema da agricultura do centro-oeste, mas nada foi entregue até agora, me responde. E, na sua previsão, quando ficará pronta? Não ficará antes de dezembro. Quer dizer que a partir de dezembro um grande problema logístico estará resolvido? Sim. E a leste-oeste? Também está para ser entregue.
Recentemente, Delfim Netto publicou um artigo mostrando os avanços ocorridos nas políticas para o setor e o mínimo que se necessitava para conseguir o apoio da classe. Muito mais gestos políticos do que ampliação de recursos.
Nada foi feito. Hoje em dia, o principal apoio do governo Lula no setor - o ex-Ministro Roberto Rodrigues - é um crítico intransigente do governo Dilma.
Tudo isso demonstra algumas coisas:
O grau de exacerbação que toma conta de toda campanha eleitoral.
O desgaste produzido por políticas de gabinete, mesmo entre os beneficiados por elas.
(*) Comentário do internauta Francisco, no Jornal GGN: "Mais importante que a conversa com dois empresários é observar que a estranha divulgação de pesquisa para presidente à moda 'ack, o estripador'(por partes), no caso São Paulo e Rio,divulgada nesta terça-2, mostrando o crescimento de Marina em relação a pesquisa de 26/08 (no Brasil, Dilma 34 x 29 Marina), na realidade, projetados os números dos dois estados divulgados, em relação à pesquisa geral anterior, mostra que em todo o Brasil o Ibope deve apresentar, Dilma com 34/33 e Marina com 33/32, explicitando que Marina começa a empacar, levando-se em conta o Datafolha de 29/08 que apresentou empate em 34%. A divulgação parcial de São Paulo e Rio foi feita(claro!) para dar a impressão que Marina continua a crescer, o que os números gerais devem desmentir."
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