domingo, 31 de maio de 2015

“Marcha com Jesus” vira política,

diz O Dia. Bolsonaro aderiu 

ao “não matarás”?


Fernando Brito                             
               trinca2
A foto aí em cima é da “Marcha com Jesus” promovida neste domingo no Rio, publicada pelo jornal O Dia.
Jair Bolsonaro, Silas Malafaia e Magno Malta, o furibundo senador.
Nada tenho contra evangélicos, entre os quais tenho grandes amigos e convivi anos com a formação metodista de Brizola (sua mãe, Oniva, era da Sociedade de Senhoras da Igreja Metodista de Carazinho e ele viveu dois anos cuidado pelo reverendo Isidoro Pereira) e suas parábolas bíblicas.
Mas, a começar por Jesus, desvirtuar a fé em proveito próprio, sempre foi condenado, ainda que também por outras confissões religiosas.
Mas tudo tem limite. Claro que é legítimo a qualquer um, políticos inclusive, irem a atos religiosos.
Outra coisa é fazer deles palanque.
Até porque é duvidosa a coerência de que diz respeitar respeitar o “não matarás” e defende abertamente a pena de morte e tem uma coleção de declarações como a que reproduzo abaixo:
  • “Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso”.
  • “Gastaram muito chumbo com o Lamarca. Ele devia ter sido morto a coronhadas.”
  • “Pinochet devia ter matado mais gente.”
  • “Já vai tarde”. (quando morreu  Luís Eduardo Carlos Magalhães, filho de Antonio Carlos Magalhães (ACM)
Será que ele leu o que diz o homenageado da Marcha em Lucas 6:27-31?
«Digo, porém, a vós que me ouvis: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos insultam. Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te tira a capa, não lhe negues a túnica. Dá a todo o que te pede; e ao que tira o que é teu, não lho reclames. Assim como quereis que vos façam os homens, assim fazei vós também a eles.»

Perdemos de novo, professora Maria da Conceição?                   

Mal ou bem, forças progressistas estão à frente do governo há 12 anos: o 'enrosco', com ela diz , é pilotado pelo campo progressista. E o atinge diretamente...

Saul Leblon                                              
EBC
A professora Maria da Conceição Tavares tem dois motivos para não querer falar neste momento.


A gripe alegada, que acentua o grave característico da voz,  é o menor deles.
O quadro difícil da crise brasileira, o mais contundente.
Estamos falando, porém, de uma mulher que não costuma deixar desaforo esperando na soleira da porta.  
-Perdemos, professora Conceição?
Ela hesita um pouco, tergiversa, mas só um pouco.
Em seguida dispara o grave com a inflexão de ordem unida famosa, capaz de acionar todas as atenções ao redor, seja qual for o redor, tenha ele a solenidade que tiver.
‘Perdemos. Isso está à vista, não? --devolve com a força de uma pedrada.
Mas em seguida vem outra, mais na mira: ‘O primeiro tempo, por certo’.
Num átimo recolhe o grave com a  inflexão que vai buscar o distraído até no fundo do auditório e o submete às prontidões incontornáveis:
‘Não digo que perdemos o jogo, que todavia é muito duro’.
Abriu a avenida para uma narrativa de longo curso, mas se contém.
A dificuldade em extrair da decana dos economistas brasileiros uma avaliação mais desabrida do governo de sua amiga Dilma Rousseff, sendo ela a economista a quem todos ligam quando o mundo despenca e é preciso saber para onde ir, é ilustrativa da gravidade do momento brasileiro.
Não qualquer gravidade.
Desta vez, o ‘enrosco’, com ela diz , é pilotado pelo campo progressista. E o atinge diretamente.  
Mal ou bem, forças progressistas estão à frente do governo há 12 anos  -- ainda que não no poder e, sobretudo, na companhia não propriamente opcional de parceiros de uma ambígua ‘governabilidade’, em xeque nesse ‘momento Cunha’ da vida nacional.
Esse protagonismo singular explica a perplexidade do olhar crítico que se enxerga no próprio objeto da crítica e não gosta do que vê.
A história não é um closet no qual se possa trocar o figurino e recomeçar do zero. Neste filme, os protagonistas se defrontam com um enredo de urdidura que pode ser modificada, mas não ignorada.
A correlação de forças é uma delas. Frequentemente evocada para justificar rendições e traições, nem por isso deixa de existir.
É prima política das vantagens comparativas na economia –também e não raro evocadas para justificar a submissão ao poder econômico existente e o entreguismo conveniente.
Nem um, nem outro são fatalidade, mas construções históricas.
Até que ponto a camisa de força atual reflete recuos que contribuíram para enrijecer essas circunstâncias quando a hora era de avançar e dilatar os espaços, é uma questão em aberto.
Avaliações díspares que essa pergunta enseja retardam agora a unificação de forças e agendas que dispersas se mostram incapazes de afrontar a ofensiva conservadora em marcha.
Maria da Conceição Tavares é economista, não analista política. Faz questão de observar a diferença.
Mas é uma personagem da história brasileira.
Sua experiência engajada nos principais acontecimentos nacionais remonta a 1957, três anos depois de chegar de Portugal, onde nasceu--   quando se naturalizou, passou a estudar economia, ingressou no BNDES, conheceu Furtado, Ignácio Rangel, Darcy e outros gigantes aos quais hoje se ombreia no referencial dos que lutam por aquilo que eles sempre lutaram: o desenvolvimento que conduza à construção de uma democracia social efetiva no país.
Resultado de imagem para Fotos da professora Maria da Conceição Tavares
Conceição desembarcou no Brasil no ano em que Getúlio Vargas com um único tiro impôs uma década de protelação ao golpe que a coalizão empresarial-militar lograria desfechar em 1964.
A professora participou ativamente do esforço progressista para dilatar esse prazo e empurrar a roda do desenvolvimento até um ponto que o tornasse autossustentado pelas próprias forças sociais com ele beneficiadas.
O percurso foi interrompido à força no meio do caminho, como se sabe. Uma retomada seria ensaiada depois, nos anos 70/80, com a derrubada do regime militar e a tentativa frustrada do Cruzado –da qual participou--  igualmente decepada com a ascensão neoliberal nos anos 90.
Finalmente, em 2002, a agenda da construção de uma democracia social tardia na oitava maior economia da terra seria resgatada com a vitória presidencial do metalúrgico, seu amigo, Luís Inácio Lula da Silva.
Daí a pergunta inicial que a incita a romper o silencio diante da encruzilhada que se ergue outra vez em seu caminho, aos 83 anos de idade, e no do país, no seu ‘longo amanhecer’, como previu Celso Furtado, sua maior referência.
Perdemos de novo, professora Conceição?’
Ouvi-la extrapola a curiosidade. É uma necessidade, aqui entremeada da recuperação de reflexões anteriores que completam as atuais.
‘Essa crise não se parece com nenhuma outra que vivi’, adverte com vagar escolhendo as palavras para comentar a gravidade do fator político que trava a iniciativa progressista  –repita-se--  confrontada agora com a própria imagem no espelho dos desafios a vencer.
‘Nenhuma das que acompanhei mais de perto –o pós-Getúlio e a do golpe de 1964, para não falar das outras, como a do fim da ditadura—envolvia um travamento estrutural e político tão difícil’, explica para sublinhar em contraponto: ‘ Sem falar no quadro internacional, que é completamente outro, marcado pelo ambiente financeiro destrambelhado’.
A diferença estrutural –‘estamos em uma transição de ciclo estrutural’, diz ela—é que nos anos 50 e nos anos 70, depois do suicídio de Getúlio, assim como após o golpe militar, havia espaço para se agregar novos setores à estrutura econômica brasileira.
“Agregar é mais fácil do que reformar’, ensina a decana.
A agregação amortece a colisão dos interesses instalados com os novos.
O que fez, afinal, Getúlio quando foi reconduzido ao poder em apoteótica votação nas eleições de 1950, com o Brasil desordenado pela ‘malta liberal’ de Dutra?
Getúlio viu espaço para agregar novos motores na economia.
Seu governo lançaria uma saraivada de iniciativas diante da avenida aberta a sua frente.
O Plano de Eletrificação em 1951, o BNDES em 1952, a Petrobrás em 1953. E o reforço convergente com uma industrialização ainda em fraldas, onde muito havia por fazer.
Vargas modernizou áreas já existentes e acionou novas turbinas: investiu no setor de bens de base  --de base porque produz equipamentos, componentes, insumos universais, para todos os segmentos.
Interligou isso aos duráveis, amalgamando a economia com uma cola política feita de expansão do emprego e extensão de direitos ao florescente operariado urbano.
Aí acharam melhor eliminá-lo.
‘Mas a crise da morte do Vargas’, observa Conceição, ‘embora violenta por todos os seus ingredientes, paradoxalmente  durou pouco’.
Mais à vontade, ela puxa aqui a memória de acontecimentos que acompanhou diretamente, jovem matemática atravessando a fronteira para a economia.
‘Durou pouco porque havia toda uma avenida aberta, aquela que Vargas deixou para JK  agregar: a dos bens de consumo’, interrompe para retomar o fôlego.
‘O que fez JK? Fez o Plano de Metas dilatando a infraestrutura; trouxe o parque automobilístico, deslanchou um novo ciclo de expansão’.
O impasse vivido por Jango seria um primeiro sinal de que a agregação pura já enfrentava gargalos estruturais.
‘Tanto que tivemos um golpe, uma ruptura violenta’, pontua a economista que se exilou no Chile durante a ditadura, onde assessorou a equipe de Allende.
Quando Jango se viu na contingência de ampliar o espaço do brasileiros miseráveis, excluídos do mercado e da cidadania, o que dilataria o fôlego do desenvolvimento pela alavanca do mercado de massa, os interesses estabelecidos reagiram violentamente.
Num certo sentido, em vez de apenas agregar, as reformas de base buscavam democratizar o que antes era um privilégio dos herdeiros da casa grande. A terra, por certo. Mas também a educação, o comando sobre riquezas naturais; o controle sobre a moeda e os capitais; a ampliação da democracia na base da sociedade.
Deu-se o que é sabido.
‘Só que os milicos do golpe eram eles mesmos desenvolvimentistas! ‘, atalha Conceição rindo das ironias da história.
Os ‘milicos’ no entanto tropeçariam feio.
Fizeram o torto por linhas certas.
Em vez de agregar novos polos de ponta da industrialização naquele momento, como eletroeletrônica etc, o regime ditatorial  super-dimensionou os existentes, na siderurgia, por exemplo.
Ainda assim a sobreagregação expandiu o PIB, mas endividou o país sem contrapartida de exportações para os dólares tomados a juros baixos, mas a taxas flutuantes.
Quando elas flutuaram ferozmente para cima, em 1979 --saltaram de 7,5% para 20,18% em 1980-- o regime perdeu o assoalho.
O que se tem agora é mais sério, de qualquer forma, do que a transição de Vargas para JK e de Jango para o golpe.
‘É estrutural’, repete Conceição.
Estrutural no sentido que não se resolve adicionando um novo motor na mesma máquina do crescimento -- como se fez antes para reacomodar o conflito de classe.
‘O Brasil não vai acabar, nem o capitalismo e não temos golpe à vista, embora haja golpistas à solta’, murmura.
Mas há um esgotamento desse correr para frente –típico do sistema--  baseado em aditivos que se sobrepõem à engrenagem anterior claudicante.
Não apenas isso.
O esgotamento, insista-se, acontece  sob as asas de um governo progressista. O que adiciona ao impasse econômico um auto-questionamento político de escolhas passadas e futuras. Tudo coroado por um  ambiente internacional pantanoso, marcado pela mais anêmica, longa e incerta convalescença de uma crise capitalista, desde a ruptura de 1929.
Então é diferente de tudo o que Conceição viveu.
‘Temos uma estrutura econômica montada. É preciso recauchutar a máquina e, sobretudo, reorientar seu rumo’, a professora retoma o fio da meada.
O Brasil viveu um período acelerado de consolidação industrial no 2o PND (1975/79) , o plano de desenvolvimento da ditadura.  Dificilmente repetirá aquele desempenho característico da fase de instalação e consolidação de um parque industrial.
Esse tempo acabou.
Assiste-se a algo oposto até.
A indústria brasileira, na verdade, está sendo corroída por duas inércias que o ciclo iniciado em 2003 não corrigiu.
De um lado, a valorização cambial acumulada nas últimas décadas. Ela favoreceu a asfixia do parque fabril brasileiro sob a avalanche das importações asiáticas (gerando um déficit comercial manufatureiro da ordem de U$ 200 bi nos último anos ).
Simultaneamente, cristalizou-se uma inserção internacional capenga da economia brasileira, que perdeu o bonde tecnológico dos anos 80/90 porque ruminava a dolorida digestão da crise da dívida externa.
O bonde perdido de um ciclo internacional não passa de novo, adverte Conceição. Não existe aula de recuperação na história do desenvolvimento.
‘Não vamos mais competir com os chineses naquilo que eles tomaram de nós e se mostraram líderes no mundo’, adverte ao falar da erosão sofrida em vários setores industriais.
Por isso o pré-sal e o mercado de consumo doméstico, revigorado pelo ganho de poder de compra do ciclo Lula, bem como o PAC na infraestrutura e, objetivamente, a escala do agronegócio, são tão importantes.
É esse o novo chão do desenvolvimento brasileiro no século XXI.
Os encadeamentos inscritos no regime de partilha do pre-sal, e na exigência de conteúdo nacional, ambos demonizados pelos interesses sabidos e seus porta-vozes, encerram impulsos industrializantes de ponta, com escala capaz de criar, aí sim, uma inserção virtuosa do país nas cadeias internacionais.
O mercado de massa, por sua vez,  é capaz de atrair plantas industriais e lastrear segmentos ainda não triturados por décadas de importações baratas.
O PAC arremata o comboio puxando-o pela alavanca do investimento público.
Conceição contextualiza esse tripé de forma realista, ciente de que a areia movediça da crise estreita a margem de manobra e todas as frentes.
‘Hoje isso depende muito do financiamento chinês para se viabilizar. É por aí que vamos completar o investimento público do PAC; não enxergo outra saída com as restrições impostas pelo ajuste fiscal’, suspira.
Seu próprio desalento, porém, sofre um safanão em tom de advertência na frase seguinte: ‘Se não defendermos as políticas sociais, o PAC e o pré-sal não teremos mais modelo nenhum’.
Destravar as concessões, o PAC,  e preservar o pré-sal  poderá desarmar a retranca do investimento privado?
Sim, mas para isso não se pode destruir o mercado de consumo de massa. Se a economia afundar com o estirão de arrocho, cercado de juros altos por todos os lados, ninguém salva o Brasil.
A costura dessa travessia envolve uma operação essencialmente política, como já explicou, porque mexe profundamente em interesses cristalizados.
O nome do jogo não é mais ganha/ganha.
É correlação de forças e se joga na rua.
Não por acaso o debate da reforma tributária conquista audiências nunca registradas na agenda econômica. A audiência das manifestações sindicais contra o ajuste em benefícios trabalhistas, por exemplo, confrontado com a alternativa da taxação das fortunas, do lucro dos bancos, das remessas disfarçadas de assistência, das heranças etc.
´Não existe resposta técnica para o que se tem diante de nós’, sentencia a professora de uma geração inteira de economistas, entre alunos e amigos, que a ouvem e respeitam, mesmo quando dela divergem.
Incluem-se aí nomes como os de Belluzzo, Luciano Coutinho, Mantega, a própria Presidenta, Dilma Rousseff.
Em uma homenagem à mestra, em 2012, Dilma declarou: “Não houve momento importante na história do país, nas últimas décadas, sem as considerações da ‘nossa professora’. Nós hoje não admitimos mais a possibilidade de construir um país forte e rico dissociado de melhorias das condições de vida de nossa população, nem tampouco acreditamos mais na delegação da condução de nosso crescimento exclusivamente às forças de autorregulação  do mercado. Crença, aliás, que Maria da Conceição Tavares sempre, corretamente, criticou”, enfatizou a Presidenta.
Os ventríloquos da autorregulação do mercado preconizam justamente isso agora: estabilizar o impasse desenhado pela professora, com base nas premissas ‘técnicas’ dos mercados.
Ou seja, impedir que a luta pelo comando do crescimento deslize para o campo aberto da disputa política, onde a estrutura de repartição da riqueza e do poder seria questionada, escrutinada e repactuada em confrontos desaguados em amplas negociações.
As considerações da economista enveredam cautelosamente por essa seara.
‘Não é fácil operar essa coisa. Você tem que recauchutar e redirecionar o mecanismo do crescimento com ele andando, entende? Com o trem em movimento’, sobe a voz, refreando-a na volta da respiração: ‘É um enrosco’.
A palavra ‘conservadorismo’ resume o significado do obstáculo maior no caminho.
A operação colide com massas gigantescas de interesses que nada tem a oferecer à sociedade exceto uma obstinada resistência à mudança, associada –aliás, indissociável, de uma não menos obstinada opção pela mórbida liquidez rentista.
Pressões, chantagens, golpes, terrorismos e interditos emanados desse aparato são vocalizados e potencializados diuturnamente pelos veículos do ramo da semi-informação, enquanto o ‘ajuste’ cutuca a recessão com vara curta e a promessa difusa de uma ‘purga redentora’.
É o torniquete dos dias que correm.
E a velocidade aqui não é uma metáfora.
O arrocho já bateu no consumo das famílias, derradeiro lacre de segurança do ciclo petista que avançou de forma quase ininterrupta nos  últimos 12 anos. Esse indicador caiu 1,5% no primeiro trimestre, em relação ao final de 2014.  
O consumo das famílias pesa 63% na demanda da economia e arrastou junto a receita, o investimento, o emprego... O que sobra?
A sobra é insuficiente para sustentar uma nação, um governo e um projeto progressista de desenvolvimento . O IBGE avisa que apenas 25% da economia ainda operava no azul ao final de março.
Não melhorou de lá para cá. Ao contrário.
‘Você não enfrenta isso com debate econômico’, adverte Conceição.
Nem pode paralisar um país para recauchutar a economia, que deixada a sua própria lógica não criará o espaço necessário à mudança.
Uma frente? Uma frente de forças poderia funcionar como a dissonância à espiral descendente em marcha?
‘Sim’, entusiasma-se a economista que sabe dos limites daquilo que a ‘malta’ conservadora chama de ciência econômica.
‘Mas uma frente que apenas reitere o quadro existente não adianta’, pondera, atenta ao jogo que no primeiro tempo, como já disse, mostra que perdemos.
‘É preciso algo amplo, democrático que se imponha’, arrisca para advertir de pronto: ‘Mas não me pergunte como; isso é com os políticos’.
Reserva, todavia, munição para um último disparo certeiro.
Dirigido justamente ao PT.
O partido que ajudou a construir, do qual foi deputada entre 1991 e 1995, dentro do qual sempre participou e  com o qual caminhou e caminha.
‘O PT precisa decidir o que quer; nos anos 60, nós éramos desenvolvimentistas. Mas o PT hoje parece dividido. Temos os ‘desenvolvimentistas’ –brinca com o termo hoje usado apenas como um marcador genérico para o pensamento de esquerda na economia.
‘Ao lado dos desenvolvimentistas noto que há agora no PT uma parcela grande de ‘estacionistas’, diz a professora.
A língua afiada encontrou um jeito de expressar o incômodo que não quer explicitar. Conceição destaca o achado com o riso que convida à cumplicidade: ‘Tá cheio de ‘estacionistas’. Vão resolver o Brasil parando o país?’.
É um fugaz momento de descontração na penosa alternância de frases e silêncios sugestivos da intelectual que enxerga a encruzilhada do país como uma encruzilhada também das forças das quais é uma expoente.
“Tem gente que acha que você pode estacionar para estabilizar e que, feito o serviço, os capitais retomam o investimento. Isso num mundo há seis anos mergulhado numa crise em que ninguém investe em lugar nenhum’.
Nem mesmo nos EUA poderia dizer.  
A economia que se notabiliza pela ‘recuperação inequívoca’ –no dizer das colunistas de certezas graníticas em relação à saúde do capitalismo -- acaba de registrar a sua terceira recidiva na crise.
O PIB dos EUA caiu  0,7% no primeiro trimestre, mesmo com taxas de juros entre negativas e zero desde 2008, e sob o efeito de um regime de engorda de liquidez de U$ 1,5 trilhão, recém concluído.
O ‘estacionismo’, naturalmente, rechaça a ideia de uma frente ampla, como a  conjecturada por Conceição, para negociar o passo seguinte do desenvolvimento do país em meio a essa algaravia de sinais e lógicas em litígio, ao sabor do proficiente mercado financeiro global e de suas agências (as de risco).
Basta estabilizar.
O mercado autorregulado que a amiga Presidenta criticou em 2012 fará o resto: os capitais que não investem no mundo voltarão a investir aqui, o mel correrá das vertentes e o leite brotará nas curvas dos rios, acreditam os ‘estacionistas’ cutucados pela professora.
O risco de o ‘estacionismo’ conduzir o Brasil a um beco sem saída na boleia de uma recessão histórica não é pequeno.
Conceição não comenta.
Mas seu silêncio preocupa mais ainda que as palavras.

A Fifa, a Globo e Carlitos

em    "Luzes  da  Cidade"

Urariano Mota      Luis Nassif Onlineimagem de Zapper

                         
Quando a gente se informa sobre as últimas prisões na Fifa, à primeira vista parece que temos um filme de ação de gângster. No entanto, mais adiante, o filme lembra também uma comédia de Chaplin. Acompanhem. Vamos primeiro à ação de bandidos, do gênero Al Capone. Porque olhem só o que obtemos, quando juntamos os cacos do noticiário sobre as prisões dos corruptos na FIFA.
Antes, um breve recuo histórico, que fala das verdadeiras razões da justiça norte-americana, a entidade acima da lei.
Em março de 2011, meses após os EUA verem sua candidatura para a Copa de 2022 ser dizimada pela do Qatar, em pleito altamente suspeito, um dos executivos que lideraram o projeto jantou com jornalistas no restaurante principal do Staple Center, em Los Angeles. Questionado sobre o fracasso, disse, de maneira altiva: "Não nos disseram que o jogo seria jogado dessa maneira. Soubéssemos, seria diferente".
O executivo, pouco antes, contara que uma das ideias para a segunda Copa americana era a construção de um estádio em área degradada ao lado do ginásio em que jogam os rivais Lakers e Clippers. A arena, após o Mundial, abrigaria o retorno de uma equipe da NFL à capital californiana, esse era plano. Ficou claro que ele perdera dinheiro, provavelmente muito, com a polêmica decisão da Fifa.
Quatro anos depois, investigação do FBI e do Departamento de Justiça dos EUA prende José Maria Marin  e quase toda cartolagem que manda nas federações de futebol. As acusações vão de propina, pura e simples, a coisas aparentemente prosaicas como guardar valor não declarado em cofre de banco. Revela-se também que J. Hawilla, midas do marketing esportivo do país, já foi condenado na mesma investigação.
Agora, onde entra a Rede Globo:  
José Hawilla, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, é o réu confesso que aceitou  pagar US$ 151 milhões no caso da Fifa. Ele fundou em 2003 a TV TEM - a maior afiliada da Rede Globo, cobrindo 318 municípios e 7,8 milhões de habitantes, alcançando 49% do interior paulista; nos últimos dez anos. Estima-se que o faturamento anual da empresa de J. Hawilla gira em torno de US$ 500 milhões (R$ 1,6 bilhão). Ele é sócio de Paulo Daudt Marinho, filho de José Roberto Marinho, um dos herdeiros da Globo.
O problema é que a associação entre a Fifa e a Globo vai além das transmissões de jogos por uma afiliada, de um dos herdeiros. No blog do Paulinho – a internet é soberana – vemos mais fundo. Em https://blogdopaulinho.wordpress.com/2015/05/28/investigacao-do-fbi-gera-temor-na-rede-globo-e-no-executivo-marcelo-campos-pinto/ :
a associação entre a Fifa e a Globo vai além das transmissões de jogos por uma afiliada, de um dos herdeiros.
Voltando à ‘Sport Promotion’, é exatamente a empresa de ‘Kiko’ que intermedeia – em associação com a TRAFFIC – os direitos de transmissão da Copa do Brasil (citada pelo FBI como fonte de propinas), tendo, portanto, ligação direta com a Rede Globo.”.
Agora notem como era boa a camaradagem e vizinhança da comunicação de esportes da Globo e a Fifa. Já em 2012, A Rede Globo anunciou que havia fechado um novo contrato com a Fifa para transmitir as Copa do Mundo de 2018, na Rússia, e de 2022, no Qatar. O acordo previa transmissão por televisão aberta, fechada, celulares e internet.
Mas a Record emitiu um comunicado oficial naquele ano, protestando contra o acordo que dera à Globo o direito de transmitir as Copas de 2018 e 2022. Segundo a Record, a Fifa descumprira a promessa de abrir uma licitação pública e fechou um compromisso não transparente, e por isso a briga iria parar na Justiça.
Na ocasião, a Globo respondeu, pela voz de Marcelo Campos Pinto, o poderoso e rico executivo da Globo Esportes: A Fifa escolheu seguir parceira da Globo na transmissão da Copa do Mundo em 2018 e 2022 ao comparar o trabalho da emissora carioca à Record. ... A Globo está mil anos-luz à frente da Record.
Fora das aspas, sabemos todos que desde 1970, Globo e Fifa têm contratos privilegiados para transmissão das Copas do Mundo e otras cositas mas. A Fifa, inclusive, sempre tratou a Globo em seu site como uma "parceira de longa data" e "uma das maiores empresas de comunicação do mundo".
Agora chegamos ao ponto.  Além do filme de gângster, a razão do enredo passar a filme de comédia.  Sabem aquela história de Carlitos no filme Luzes da Cidade? Eu me refiro à cena antes da luta de boxe, quando Carlitos inventa de ser lutador, porque precisa ganhar o dinheiro para operar uma cega por quem ele era apaixonado. Lembram? No vestiário, ele vê sair um pugilista, que antes de subir ao ringue, passa um amuleto, um pé-de-coelho por todo o corpo. Carlitos pergunta por quê.  O pugilista responde: “É para fechar o meu corpo. Se o punho bater, volta”. Então Carlitos, prevenido, se lambuza todo com o feitiço. O diabo é que o fortão, que havia passado o amuleto, volta nocauteado, sem sentidos. Então Carlitos, coitado, dana-se a passar a toalha sobre os lugares em que havia esfregado o pé-de-coelho, o feitiço que o defenderia, para não voltar desmaiado, em nocaute também.  
Pois o amuleto da Fifa, que defendia os lucros extraordinários da Rede Globo, agora têm que ser apagados, assim como em Luzes da Cidade, para que a sociedade entre as duas, com a exclusividade de transmissão de jogos, tenha sido pura, decente e feliz. Assim como antes do pugilista subir para o ringue, no filme. Ou como antes das prisões na Suíça, que começam a mostrar para o mundo a face dos bons negócios.
Aqui se faz, aqui se paga, diz-se. Ou se apaga, como Carlitos em Luzes da Cidade e na sociedade Globo e Fifa. Tudo a ver.

sábado, 30 de maio de 2015

Espanha e Argentina dão uma banana para a direita                   

Na Espanha, o 'Podemos', desbancou o bipartidarismo dos carcomidos PP e PSOE. Na Argentina, Kirchner levou 800 mil pessoas à histórica Plaza de Mayo...

FC Lei Filho - Pátria Latina       

reprodução
Na Espanha, o partido 'Podemos', de menos de dois anos de existência e perfil progressista-popular, desbancou o bipartidarismo dos carcomidos  PP e PSOE. Também elegeu as maiorias parlamentares das duas grandes cidades - Madri e Barcelona -, na eleição de domingo, 24, credenciando-se, dessa forma, como a força política mais consistente para ganhar o governo nacional no pleito de dezembro.
 
Na Argentina, a presidenta Cristina Kirchner levou  800 mil pessoas  à histórica Plaza de Mayo, nessa última quinta(28) demonstrando que tem poencial para eleger seu sucessor, em outubro. Ela ainda desafiou em seu discurso daquele dia comemorando o 205 anos da independência: "Não tenham medo do que vai acontecer (depois que ela deixar o governo), porque (vocês) são os verdadeiros donos de seu destino". Por isso, se mostrou convicta de que o país seguirá "o rumo da mudança e da transformação, pois ninguém vota para trás".
 
Esses dois exemplos são muito ilustrativos da capacidade desses dois países em superar, através de lideranças afinadas com a maioria social, a arremetida neoliberal que destroçou sua economia e as conquistas da população: a Espanha, ainda afundada desde a crise de 2008 na recessão, no desemprego e na expulsão de milhares de espanhóis de suas casas, por não mais conseguirem pagar a hipoteca; e a Argentina, egressa da implosão de 2001 e agora no rumo do desenvolvimento com inclusão, que corre o risco de perder as conquistas ao longo dos últimos 12 anos, em face da mudança de governo.
 
Como agora no Brasil, onde a recém reeleita presidenta progressista Dilma Rousseff, enfrenta a maior campanha de descrédito promovida pela elite econômica, Espanha e Argentina, sofreram pesado bombardeio midiático, tentando reprimir suas forças sociais. Mas, cada qual a seu modo, estas vão derrotando em eleições limpas e democráticas, o modelo do Consenso de Washington, formulado pelos bancos e empresas transnacionais com o FMI e o Tesouro dos Estados Unidos, em 1989.
 
Tal modelo, que chegou a implantar uma ditadura neoliberal durante a década de 90 na América Latina, com a privatização e o desmantelamento das infraestruturas nacionais, foi depois subsituído pelos programas nacionais de inclusão iniciados com Hugo Chávez, na Venezuela, Lula, no Brasil, os Kirchner, na Argentina, Evo Morales, na Bolívia, RAfael Correa, no Equador, e DAniel Ortega, na Nicarágua.
 
Depois se transplantou, a partir de 2008, para a Europa, arrasando as economias de países como a Espanha, Grécia, Portugal, Irlanda e afetando seriamente a Itália e a própria França, considerado o segundo país mais rico do continente.
 
Na Grécia, cujo governo, como o da Itália, foi deposto por maiorias parlamentares financiadas pela chamada troika - FMI, Banco Europeu e Comunidade Europeia -, a população rebelou-se e elegeu o Partido Syriza, em janeiro deste ano, para rejeitar a política do arrocho, implatada pelo governo dessa troika, e repudiar a dívida externa. Esta provocava 35% de desemprego e o colapso quase total das empresas e instituições governamentais. O Syriza já sinalizou que poderá até retirar o país da zona do Euro, caso não obtenha um entendimento, de preferência, com base no modelo adotado pelo governo Kirchner, da Argentina, a partir de 2003.
 
Agora, é a vez da Espanha, cujas forças de vanguarda organizaram-se politicamente com os protestos de rua dos Indignados, que redundaram na grande manifestação de 15 de maio de 2011, o chamado  15-M, em Madri, seguido da ocupação de vários locais estratégicos, em movimentos de massa convocados pela internet . Do 15-M, surgiram o Podemos e outros partidos progressistas, que já sinalizaram sua força com a vitória na eleição europeia de 2014, e, agora, com seu crescimento nas eleições municipais e autonômicas de domingo, 24 de maio.
 
Pablo Iglesias, de 37 anos, ungido líder do Podemos, através de u processo horizontal, do qual participaram a cidadania de diferentes correntes, em votação realizada pela internet, já havia avisado dias antes da última votação: “Na Espanha, não há maioria social moderada, há um povo que se recusa a humilhar-se e tem bem claro quem são seus inimigos: as elites políticas e econômicas que assalta o povo espanhol e enriqueceu à custa dele”.

 
Iglesias e sua turma   de líderes imberbes,     na  maioria    menores    de  30 anos e vindos principalmente da       Universidade Complutense de Madri,      sofreram o pão que o diabo amassou,    a partir de sua vitória na eleição europeia.         A mídia de lá, tão devastadora quanto a daqui, procurou desmoralizá-lo,    vinculando-os ao bolivarianismo,    no que não estava errada,     porque  ele não esconde    seus pendores     integracionistas    dos países emergentes. Os líderes do Podemos conseguiram,   no entanto, se safar, ainda que à custa de algumas divergências internas,  mas chegaram bem organizados no pleito de domingo e têm    tudo para  seguir o exemplo   do Syriza, ou seja, assumir o poder na Espanha, quem sabe já nesta eleição parlamentar nacional de 24 de dezembro.
 
Finalmente, na Argentina, Cristina Kirchner, que se prepara para encerrar dois mandatos de quatro anos, ao qual soma outros quatro do marido Néstor Kirchner, acaba de triunfar sobre uma nova blitz-krieg midiática, desta vez a que procurou envolvê-la com a morte do procurador Alberto Nisman, em 18 de janeiro último. Ela demonstrou não só tratar-se de mais uma intriga como desmoralizou toda a articulação que comeu alguns pontos no seu Ibope, como volta a despontar como o principal eleitor na Argentina, diante de uma oposição que se fragmenta a cada dia que passa por falta de unidade e sobretudo de mensagem, porque toda ela envolvida na conluio neoliberal para voltar à Argentina do colapso de 2001.

 
Não se entenda daí que a eleição será fácil para    Cristina,  porque o pré-candidato de seu partido, Daniel Scioli, é favorecido    pelo Clarín e o La Nación,  os grandes conglomerados de comunicação e representantes das corporações.      Scioli, que não consegue negar suas inclinações neoliberais e seus vínculos com os Estados Unidos,    significaria um golpe forte no modelo inaugurado pelos Kirchner.
 
Para evitar a designação de Daniel Scioli como candidato kirchenerista, nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (PASO), em 23 de setembro, da qual participa todo o eleitorado argentino, a presidenta terá de reforçar o pré-candidato mais afinado com seu projeto, o ministro dos Transportes, Florenzo Randazzo. Este figura nas pesquisas com uma média de 12 a 15%, contra 25% de Scioli, 22% de Maurício Macri, governador da Cidade Autônoma de Buenos Aires, candidato do partido PRO, apoiado pelo sistema econômico, e 16% do deputado Sérgio Massa, da Frente Renovadora, também de direita. Randazzo vem experimentando crescimento ponderável nos últimos dias, mas terá de ter mais voto que Scioli nas PASO para se sagrar como candidato do governo, ou seja pelo partido Frente para a Vitória. Qualquer que seja a dificuldade, no entanto, tanto Cristina Kirchner como Pablo Iglesias não se deixam atemorizar e dão uma banana para a direita.

Intervenção dos EUA na Fifa seria um novo “Big Stick”   a caminho?

Morvan Bliasby  - em seu blog           
fifa
O mundo ficou estupefato com a notícia dos capi da Fifa; não que alguém, de sã consciência, discorde da necessidade de se sanitizar a Entidade, cuja corrupção campeia há tempo, e não d´agora, deste arroubo “vestal” das rapinas, até onde isto for possível.
O evento, longe de significar fato isolado (nada o é, em se tratando de EUA!), evoca a política descaradamente intervencionista do Big Stick (grande porrete), dos estadunidenses, os xerifes da humanidade; sempre, com a aquiescência dos que ou não enxergam a gravidade das ações destes reacionários neo-romanos e a falta de noção dos que clamam pela própria, ou da intervenção militar constitucional (Sic!); (os políticos brasileiros, notadamente os de direita, que têm à escrivaninha uma bandeira dos EUA, em vez da nossa, que o digam!).
A responsável pela emissão dos mandados de prisão no escândalo que abalou a Fifa (e o mundo!) ora, a procuradora-geral dos Estados Unidos,Loretta E. Lynch, afirmou:
“… O Departamento de Justiça do país está ‘determinado a acabar com a corrupção no mundo do futebol’.”
Lindo! Como são diligenciosos esses estadunidenses. De uma hora para outra,  tentam varrer a corrupção (dos outros!). Num país em que o lobbie é uma atividade regulamentada, os escândalos sempre ficam impunes (vide caso Enron), desde que os corrutos sejam “amigos do rei”, falar em corrupção soa no mínimo estranho. Sem se falar em um país onde se financiam derrubadas de Governos contrários à democracia (pois sim!) e a sociedade civil não se manifesta ou não tem força para. A corrupção dos outros é realmente mais fácil de detectar e de combater, sabe-se. Tanta fome na África, moléstias em todo o mundo, doenças que já deveriam ter sido erradicadas há séculos, tecnologia biomédica, há, e a preocupação desses honrados estadunidenses é com o futebol na Fifa!
Felizmente, nem todos caem neste conto manjado dos “vestais da humanidade”. A Rússia já alertou para as reais intenções da “palmatória do mundo“, embora possa se crer que o problema é bem mais complexo do que continuar a ser simplesmente a régua deste ou somente prejudicar a Rússia, futura sede da Copa: a agenda aponta claramente para um recado. Recado sutil como os são os daqueles senhores falconiformes: — “não vos esqueçais do Destino Manifesto, pois vós sois o meu quintal!“.
O recado, como se diz, nada sutil, é para os bolivarianos (Sic!); a Fifa é só o transdutor, ou seja, — “Nós podemos tudo, inclusive intervir, em qualquer lugar“. É a manifestação inequívoca, embora com o mesmo discurso protoudenista de sempre: a América Latina como nosso (deles, claro) quintal; afinal, para um povo ‘superior’, se lhe parece apenas o cumprimento da ‘profecia’.
Resta saber como a AL se comportará, diante deste farol de udenismo triunfante: ou aceitará o “Destino Manifesto” ou lhes dará um manifesto cacete, ou “Big Stick”, como eles gostam de falar, como fez a pequena, porém imponente Nicarágua, quando lhe tentaram anexar. 'Anexar o cacete!', diriam os nicaraguenses. “peia” para vinte, os valentões “escolhidos” pela “providência” (talvez seja a mesma que “escolheu” o avião onde viajava Eduardo Campos!) levaram sozinhos.
Assim se faz um povo. Viva a Nicarágua. O tal de “Destino Manifesto” não resiste a um povo. Apenas, onde eles e seu “Big Stick” atuam, têm sempre aqueles que vaticinam “A Teoria da Dependência”; depois, fica fácil: uma imprensa a serviço dos ‘superiores’, ‘escolhidos’, e o escritor da teoria da Dependência (É o cacete!) cria leis que facilitam a transferência de patrimônio. Funciona, mesmo. Vale, Petrobrax (felizmente, não deu tempo), nióbio, pedras preciosas, estrutura de telecomunicações, etc. Beleza de teoria. Não funciona na Nicarágua, na Bolívia, na Venezuela. sabe-se… nem em Cuba.
Façam com a Fifa e com seus carcamani o que quiserem, mas, fora da América Latina! É o Pré-Sal, estupendo!